domingo, 16 de agosto de 2009

GRATIDÃO

Grata a escritora Loly Reis por sua publicação de "A Aurora dos Cinquentões em meu Blog."


Abraço a você Loly



Rose Selaro

VICTÓRIA

Voctória

Encontrei minha amiga Vitória em meados de julho do ano passado. Uma cinquentona feliz da vida que me mostrava uma “Revista Veja” com uma reportagem cuja chamada era “A aurora dos cinquentões”. Ela estava eufórica.

O casamento era uma fachada há muito – cumplicidade zero - já tem um neto vindo meio fora de hora e acabara de se aposentar. “A aurora dos cinquentões”, quem diria... Ela estava radiante porque a reportagem dizia em resumo, que os mais velhos podem tudo. Recomeçar a vida, estudar, ir atrás daquele trabalho ideal que nunca conseguiram ter, em resumo, a revista veja parecia ser mesmo o elixir da juventude para os cinquentões. Tudo pode.

O tempo passou e reencontro Vic, assim eu a chamo, e percebi que algo não ia bem. Vamos tomar um café, convidei, e ela estava eu não digo desolada, mas com os pés enterrados no chão.

Não, os cinquentões não podem tudo. O neto fora de hora passou a ser hora dela. O dinheiro começou a minguar. As amizades do trabalho ficaram lá, como sempre, e ela ainda caiu na gaiatice de tentar um novo amor. Novo para ela, os homens pragmáticos que são, querem só uma farrinha, uma puladinha de cerca.

Vic tinha aquela coroa branca de cabelos denunciando seus cinqüenta e poucos anos e um ar perdido de quem acreditara na revista.

Não, os cinquentões não podem nada. Conheci uma cuja filha descobriu até sua senha e desmascarou seus “privados e-mails”. Filhos algozes, querem tudo sem saber de onde vem o dinheiro, aquelas gordurinhas que nos transformam em tios e tias e uma conclusão:

Homens que se aproximam da vida animal querem um ninho. Querem a roupa lavada e passada na gaveta, o pijama e os chinelos e uma puladinha descartável sempre dá para arranjar, desde que não se exija muito, porque eles também estão carecas, gordos e barrigudos, mas a volta para o Lar é inexorável.

Vitória se apegou ao “novo-ex-efêmero grande amor, que ao menor sinal de perigo deu no pé.

Sobrou a realidade. Prática para eles e sem saída para elas.

Meu conselho à minha amiga, pinte os cabelos, seja prática como os homens e não compre tanta revista porque para trair as mulheres precisam de um motivo e os homens de uma mulher. (ouvi isso em algum lugar - verdade!)


Loly Reis – domingo – 16.8.09 – 14h26min

domingo, 9 de agosto de 2009

ELE

ELE

Primeiramente ele é um grande médico. Lembro-me de ser uma criança daquelas... Num belo dia estou a girar uma vassoura, segurando num barbante amarrado no cabo, e tinha apenas as pontas dos pés como apoio. E girava forte. Cada vez mais depressa. Quando botei o calcanhar no chão havia uma pedra - uma pedra pontuda em meu caminho. Foi sangue pra todo lado. Lá vai meu pai. Desarvorado a me socorrer... Noutra vez não deixei por menos, caí de um jipe de guerra, que ele tinha – daqueles com capota de lona e que ficam com uma abertura grande atrás. Passávamos pela Avenida Nove de Julho e eu despenquei. Quando deram por fé, “eu só podia ter morrido.” Loucamente ele me procurou e eu gritei já lá da calçada, depois de ter atravessado a avenida em meio a todos aqueles carros – PAI – era dia de São João. Ele nunca deixou de acender uma vela em todos os São João que vieram, para agradecer o milagre. Eu tinha uns sete anos.

Ele é também excelente advogado. Advogou minhas causas, quantas houve, mas nunca foi parcial. Algumas eu ganhei. Noutras ele me mostrou o por quê da derrota.

Ele é, por certo, um grande educador. Me deu norte, me deu meios e me deu guarida quando errei. E acima de tudo, me deu caráter.

Seus braços sempre estão abertos. Pra ele eu sempre fui” Zely” e minha irmã caçula “Nenê.” Assim eu também a chamo.

Hoje ele é mais que um grande médico, um inigualável advogado e um insubstituível educador.

Hoje ele é sol. Ilumina meus dias e quando anoitece olho pro céu e o vejo. Ele é uma estrela muito brilhante que eu aponto com o dedo.

“Ali” está MEU PAI sempre sorrindo. Sei que ele tem a certeza de que nunca deixará de olhar por nós.

E como ela, ele também está em mim.


Dedico esta crônica a minha irmã Rosmary – “Nenê.”

Rosely Selaro – 9.8.09 – 11h18min

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

DESEJO

Desejar é verbo sem controle,
É esvair-se
Em corpo
Em mente
Em alma.
É escorrer
Feito chuva na enxurrada
É derreter.
Vela que queima chorado.
Desejar.
Até que o tempo mate esse desejo
Ou até que esse desejo nos mate.


Rose Selaro – 7.8.09 – 12h01mim

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Expressão "Frente a"

"FRENTE A"

Essa expressão é censurada pelos gramáticos. Prefira o uso de: em frente de, diante de, ante, perante, defronte de.

O doutorando apresentou tese nota dez diante da banca de examinadores. (perante a banca)

A mulher estava parada defronte da casa de doces.

Os empregados monstraram-se insatisfeitos diante da proposta de aumento de salário feita pelos patrões.

Rose Selaro

sábado, 1 de agosto de 2009

POR QUE PARTEM TÃO CEDO?

Por que partem tão cedo?

Esse corpo de carne cai bem nos equilibrados, sensatos, justos. Esse corpo de carne abriga bem espíritos medianos, rotineiros, despercebidos.

Mas há os que nele não cabem. Espíritos que escorrem pelos lados, para cima e para baixo. Espíritos que tocam o mistério, que enxergam o avesso e se contraem em dores, amores e vivem depressa para se libertar do cárcere.

Partem logo esses espíritos, porque não suportam essas grades que os retém. São excessivos. Fazem tudo cedo, muito cedo. Querem voar. Deixam muita saudade. Gênios, artistas, loucos, incapazes de manter tanto espírito em tão pouco espaço. Pouco espaço para muito tempo. Lutam desesperadamente. Necessitam o infinito.

Espíritos insanos, rebelados. Partem para um mundo sem fronteiras, sem grilhões e se expandem como querem, já que podem, se livres desse fardo que os ata.

Desde sempre, Lord Byron, James Dean, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Elvis, Álvares de Azevedo, Raul Seixas, Elis, Senna, Michael Jackson. Deixam uma centelha de liberdade, um turbilhão em nossas mentes. Por que partem tão cedo?

Gargalham quando finalmente voam para o céu, para o além. Se encontram e festejam a vida que não é daqui. São eles. Espíritos inquietos.

Rose Selaro

www.escreverépensar.com.br