sábado, 24 de abril de 2010

NÃO ME PEÇA ALÉM

NÃO ME PEÇA ALÉM

Não me peça além, nada mais tenho pra dar. Tenho muitos cantos de saudade e com eles não sei manejar. Falo tudo, faço tudo e o que me reservo é o que nem posso fazer nem falar. Enterro... não peça. Não sei se volto viva de lá. Quem já carrega pai e mãe só no fundo d’alma roga a Deus os filhos deixar.
Nos meus quartos escuros não mexo, sob pena de soçobrar. Deixo-os quietos, lá. Nos meus porões guardo o que de melhor e pior, mas eles só interessam a mim. Perdi a chave. Na minha cabeça. Esses porões são vidamorte. Vivo por eles e não vou deixá-los cá.
Não, não me peça para mudar. Se mudo é por obrigação, por compaixão, mas na minha caixinha de música a bailarina ainda dança. O amor, Ah! O amor. Ele virá como quero. Vamos dançar num grande salão, eu de vestido rosa enfeitado de botõezinhos tardios, que só agora podem aflorar. Você me olhando nos olhos e vendo o que não minto. Eu vendo o tempo nos vincos do teu rosto. Seremos felizes a rodopiar. Ainda é tempo – Eis minha recompensa pelas tantas vezes que me abaixei para pegar meu coração e fazê-lo prosseguir pulsando.
Somos luz. Eternidade. Tudo fica pra trás quando a essência invade nossos espaços.
Sou só, só essência de ti, de mim, do sonho. Já não é preciso acordar.
Rosy Selaro - 30.3.10 –