quarta-feira, 6 de maio de 2009

INFARTO MENTAL

INFARTO MENTAL


O infarto se caracteriza pela morte de parte do músculo do coração. A parte que continua viva tem que trabalhar mais para compensar aquela que morreu, para que continuemos vivos.

Assim é nossa vida. Quantos infartos mentais já sofremos e não nos demos conta. Ou não tomamos nenhuma providência?

Quando se aceita aquele trabalho aterrador que nos fere até o fundo d’alma e lá passamos anos, fazendo o que não queremos e não gostamos. Um dia vem a aposentadoria e sofremos muitos pequenos infartos mentais, sem nunca ter tido a coragem de virar o jogo, mandar tudo para o alto e gritar - “ não quero mais isto para mim.”

Assim é o convívio com pessoas das quais não gostamos, com situações que não temos coragem de mudar. Como aquele casamento que nunca deu certo e que a gente sempre dá a mesma desculpa. “Não me separo por causa dos filhos.” - Nada - Filhos não são burros e percebem que os pais não são felizes juntos. Um belo dia percebemos que nossa juventude foi pelo ralo e a gente se deixou levar, por mais um dia, por mais uma covardia. .

Aquele “cara” chato, que permeia nossa vida e para quem nunca tivemos a coragem de dizer: “Olha, não dá, a gente não bate. Na boa, chega!” Mais um pequeno infarto, e o coração está por um triz.

E a mente vai morrendo, aos poucos, sistematicamente, com a nossa conivência.

São tantos, tantos infartos mentais que em determinada altura a gente percebe que resta pouco. Que perdeu muito tempo quando não viajou, não dançou, não viveu, para não contrariar o parceiro. Aí a gente entende que viveu a vida do outro.

Outro dia me peguei comendo polenta. Num átimo me dei conta de que acho essa comida abominável, mas não me dei conta de que até a polenta me provocou vários pequenos infartos mentais sempre que ela fez parte do meu cardápio.

Solução: Colocar-se. Principalmente quando já se vive talvez o último quarto de vida. Falar e fazer o que nos dá prazer. Ou ao menos não fazer o que nos causa desprazer. Aprender a revidar na hora certa, sem viver com cara de ah! é é - e dizer NÃO. Como é difícil aprender a dizer não!

Vai chegar a hora do grande infarto e chorarão algumas lágrimas - mas o mundo não para.

A flor de lótus é maravilhosa e nasce no lodo fétido.

Nossa fétida mente precisa começar a produzir lindas flores de lótus, belas e perfumadas. Nós merecemos tudo, merecemos ser uma flor de lótus. Agora se a gente resolve ser lodo a vida toda ... A escolha é de cada um. E haja infarto mental até que tudo se acabe.


6.5.09 – Rose Selaro

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