segunda-feira, 1 de novembro de 2010

BORBOLETAS

Borboletas
Vagueiam borboletas. No ar leve e chuvoso de inicio da primavera. São azuis, amarelas, multicores e não se deixam pegar. Também não as quero aprisionar. Elas são feitas só pra olhar.

Há uma mensagem neste bailado que elas dançam e dançam entre as gotículas das flores que não param de agradecer. Minha alma vai se aquietando num silêncio de levitar. Posso borboletear...

Ah! Que alegria nestas cores, nestes leves odores, nesta água mimosa que perfuma o ar. As borboletas, as flores, a chuva, a primavera. É tempo de amar.

Esquecer o re-sentimento e deixar lugar para um arco-iris de abraços. Que comece um tempo de aceitar. Tempo de elevar os olhos para o azul do céu e perceber quão sábia é a natureza que se renova e nos anima.

Aprender é uma obrigação. E ai daquele que não o faz!
Deixar o ódio, deixar a mágoa, o re-sentimento e beber do elixir que este tempo nos traz. É a lei da com-paixão por mim e pelo meu próximo que as borboletas vem nos ensinar.

Rosy Selaro - 1/11/2010 - 17h14min

Relógios

Com carinho para Celia e Elcio, meus alunos

Redação: Tema - Relógios

Bons e maus tempos

Os relógios parecem mais bonitos quando somos jovens. Recém-casados, filhos que nascem. Uma vida que começa, todos os nossos laços ainda estão atados. Pais são nosso porto seguro, estão sempre amparando a nós e a nossos filhos e tudo parece festa. Os aniversários, os natais, os reveions. Um tempo vibrante que marca horas plenas.

O tempo porém, vai se mostrando inclemente e o espelho acusa nossos primeiros cabelos brancos, as primeiras rugas e o filhos vão deixando de ser crianças. Nossos pais que eram o alicerce de tudo começam a ver em nós o seu alicerce e a responsabilidade começa a pesar. Somos pais e somos filhos. Já experimentamos um certo cansaço e temos consciência de que “o tempo não para” e por certo aponta para períodos mais complicados. Isto tudo na verdade fica no nível do inconsciente e parece que o relógio nunca vai marcar um tempo de ausência, um tempo de saudade, parece que tudo é eterno.

Um dia percebemos que nosso relógio esta riscado. Percebemos também que os ponteiros estão muito pequenos e que já precisamos de óculos para ver as horas. As crianças já cobram mais liberdade, porque já se sentem donos do próprio nariz e de certa forma nos julgam obsoletos. Papai e mamãe estão velhinhos e precisam muito de nós. Tempos difíceis. Horas compridas. A doença. Um dia eles não estão mais conosco. Partem e já não somos filhos. Já não há para onde correr.

São os tempos. A única coisa que não muda é o estado de mudança, mas é tão difícil mudar! Onde estão meus heróis? Eu quero aquele tempo de volta. Quero as crianças, quero o cheiro do café fresquinho da casa de minha mãe. O relógio é implacável e diz não. Olho para o futuro com os olhos marejados e engulo minhas lembranças. Maquio minhas rugas e sigo embalada por horas que não entendo. Guiada por tempos modernos recheados de passado. É a vida. É a vida. É a vida....

Rosy Selaro
Em 20.10.10
18h30min