sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O EMPREGO DA VÍRGULA

O emprego da vírgula


Por ser de uso complexo, vamos voltar ao assunto, tentando esclarecê-lo de acordo com as regras sintáticas, posto que já fiz o mesmo trabalho levando em conta “blocos de sentido”, que facilitam o uso da vírgula, mas é sempre bom estudarmos as duas formas.

1 - Usamos a virgular para separar enumerações, termos e orações independentes entre si (núcleos de um sujeito composto, orações coordenadas assindéticas, termos de uma série não ligados por E.


Exemplos:

a – O presidente, os assessores e os coordenadores se reunirão amanhã.
(sujeito composto).

b – Compareceu a reunião, expôs o que desejava, discutiu, nada resolveu.
( orações coordenadas assindéticas).

c – É um técnico inteligente, dedicado, de boa vontade e de muita competência.
(termos de uma série).


2 – Antes do conectivo E (conjunção aditiva) não se usa virgula:
ex – Eles estudam e trabalham.

Obs – Antes do conectivo E com valor adversativo ou enfático, pode-se usar virgula.
Ex – a) Já são dez horas, e a reunião ainda não terminou. ( = mas)


b) Antes do conectivo E com valor consecutivo ou enfático, pode-se usar vírgula:
Ex - Os diretores se reuniram, discutiram, e resolveram tudo.
Chegou, e viu, e lutou, e venceu finalmente.

3 – Adjuntos e orações adverbiais deslocados devem ser separados por vírgula.

a) Eles nada decidiram durante o encontro. (adjunto adverbial de tempo
no fim da oração = oração direta.)

b) Durante o encontro, eles nada decidiram.
c) Eles, durante o encontro, nada decidiram.
d) Eles só decidirão quando todos tiverem opinado. (oração subordinada temporal depois da oração principal = ordem direta – vírgula facultativa).

e) Eles, quando todos tiverem opinado, decidirão o que fazer.


4 – Orações reduzidas de particípio e gerúndio são separadas por vírgula:

a) Terminado o congresso, todos retornaram ao local de origem.
b) O funcionário, reclamando muito, compareceu perante o chefe.


5 – Orações subordinadas adjetivas explicativas sempre ficam separadas por virgula:

a) O homem, que é mortal, tem alma imortal. (Todo homem é imortal).
b) Os funcionários, que trabalharam muito, foram aumentados. (Todos os funcionários trabalharam muito).

Obs – orações subordinadas adjetivas restritivas não devem ser separadas por
vírgula, principalmente em frases ambíguas.

a) O homem que trabalha vence na vida. (Só o que trabalha).
b) Os funcionários que trabalharam muito foram aumentados. (Só os que trabalharam muito).

6 – O aposto explicativo deve ficar entre vírgulas:
ex – Este homem, um ser mortal, deve respeitar mais a vida.

7 – No discurso direto, utilizam-se dois pontos e aspas:

a) O analista afirmou: “Este projeto solucionará vários problemas”. Ou, então, colocar a oração intercalada entre vírgulas:
Ex – Este projeto, afirmou o analista, solucionará vários problemas.

Obs – No discurso indireto não se usa vírgula:
Ex – O analista afirmou que este projeto solucionará vários problemas.


8 – Todo vocativo deve ser separado do verbo por vírgula.

Ex – Paulo, vem cá!



Obs – Não se deve separar sujeito e verbo por vírgula:

Ex – Paulo vem cá.

9 – Expressões deslocadas na frase (isto é, ou melhor, digo, por exemplo, aliás,...) devem ficar sempre entrev´rgulas:

a) Ele comprou cinco, alías, seis livros.
b) Ele faltou com a verdade, isto é, mentiu.


10 – Conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia,...) (logo, portanto, por conseguinte, então,...) se deslocadas, devem ficar entre vírgulas:

a) Ele estudou muito, não foi, entretanto, aprovado. (conj.coord. advers.)
b) Ele estudou muito. Será, portanto, aprovado. (conj.coord.conclusiva).

Obs – A conjunção pois, se colocada entre vírgulas, tem valor conclusivo; se antecedida de uma vírgula apenas, tem valor causal ou explicativo.

Ex – Ele estudou muito, será, pois, aprovado. (=portanto – conclusivo)
Ele foi aprovado, pois estudou muito. ( = porque – causal)

11 – Termos deslocados na frase, visando a algum realce, como inversão, pleonasmo e anacoluto, devem ficar separados por virgula:

ex – As estrelas, parece que brilham. (inversão – antecipação)
Ao homem, nada lhe devo. (pleonasmo).
Dinheiro, todos precisam disto. (anacoluto).

12 – Utiliza-se vírgula também para marcar a elipse do verbo:

ex – Gostas de música e eu, de literatura. (gosto).
Não nos entende nem a nós, a ele. (entendemos)

ERROS GRAVES: - SEPARAR

1. Sujeito do verbo
2. Verbo do complemento
3. Oração principal de oração subordinada substantiva objetiva
4. Substantivo de adjunto adnominal
5. Oração coordenada sindética aditiva



EXEMPLOS DE ERROS GRAVES


O povo, elegeu Pelá como o Rei do futebol. (sujeito do verbo)
O povo elegeu, Pelé como o Rei do futebol. (verbo de objeto)
Desejamos, que todos sejam aprovados. (oração princ. De sub.subst.o.direta)
Não sei, se todos já saíram. (Principal de Oração S.S. Obj. Direta)
Pelé foi eleito, Rei do futebol. (verbo de predicativo)
Pelé foi eleito Rei, do futebol. (Sujeito do adjunto adnominal)
Paulo, e João trabalham, e estudam muito. (oração coord. Sind. Aditiva)


EXERCÍCIO:

Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. Assinale a alternativa que corresponde ao período de pontuação correta.

1 - Cada livro, dele de parte, o estilo traz uma novidade.
2 - Cada livro dele, de parte o estilo traz, uma novidade.
3 - Cada livro, dele de parte, o estilo, traz uma novidade
4 – Cada livro, dele, de parte, o estilo traz uma novidade.
5 – Cada livro dele, de parte o estilo, traz uma novidade.


1 – Apesar de toda a atenção o fato passou despercebido a todos.
2 – Apesar de, toda a atenção, o fato, passou despercebido a todos.
3 – Apesar de, toda a atenção o fato passou, despercebido a todos.
4 – Apesar de toda a atenção o fato, passou despercebido, a todos.
5 – Apesar de toda a atenção, o fato passou despercebido a todos.


1 – A questão, porém, não é de pão, é de manteiga.
2 – A questão porém, não é de pão é de manteiga.
3 – A questão , porém, não é de pão é de manteiga.
4 – A questão, porém não: é de pão, é de manteiga.
5 – A questão, porém não é de pão, é de manteiga.


1 - Pouco depois, quando chegaram outras pessoas a reunião ficou mais animada.
2 – Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião ficou mais animada.
3 - Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião ficou mais animada. 4 – Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião, ficou mais animada.
5 – Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião ficou, mais animada.






1 – Hoje, eu daria o mesmo conselho, menos doutrina e, mais análise
2 - Hoje eu daria o mesmo conselho: menos doutrina e mais análise.
3 - Hoje,eu daria o mesmo conselho, menos doutrina e mais, análise.
4 - Hoje eu daria o mesmo conselho, menos doutrina e, mais análise.
5 - Hoje eu, daria o mesmo conselho: menos doutrina, e, mais análise.

1 - Ainda não sabemos quando se realizarão as provas.
2 - Ainda não sabemos, quando se realizarão as provas.
3 – Ainda, não sabemos quando, se realizarão as provas.
4 – Ainda não sabemos, quando se realizarão, as provas.
5 – Ainda não sabemos, quando, se realizarão as provas.


1 – Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo a perder 2 - Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo, a perder. 3 - Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo a perder. 4 - Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo a perder.
5 - Justamente no momento em que as coisas iam melhorar, ele pôs tudo a perder.


1- Como estavam atarefados não puderam vir ontem.
2- Como estavam atarefados não puderam vi, ontem.
3- Como estavam atarefados, não puderam, vir ontem.
4- Como estavam atarefados não puderam, vir, ontem.
5- Como estavam atarefados, não puderam vir ontem.





1 – Solicitamos aos candidatos que respondam às perguntas a seguir, importantes para efeito de pesquisas relativas aos vestibulares.
2 – Solicitamos aos candidatos, que respondam, às perguntas, a seguir importantes
para efeito de pesquisas relativas aos vestibulares.
3 – Solicitamos aos candidatos, que respondam às perguntas, a seguir importantes para efeito de pesquisas relativas aos vestibulares..
4 – Solicitamos, aos candidatos que respondam às perguntas a seguir importantes para efeito de pesquisas relativas aos vestibulares.
5 – Solicitamos aos candidatos, que respondam às perguntas, a seguir, importantes para efeito de pesquisas aos vestibulares.






1 – Depois que há algumas gerações, o arsênico deixou de ser vendido, em farmácia, não diminuíram os casos de suicídio, mas aumentou – e quanto... o número de ratos:

2 - Depois que há algumas gerações o arsênico, deixou de ser vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou envenenamento criminoso, mas aumentou: e quanto! o número de ratos.

3 - Depois que, há algumas gerações, o arsênico deixou de ser vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou envenemamento criminoso, mas aumentou - e quanto! - o número de ratos.

4 - Depois que há algumas gerações o arsênico deixou de ser vendido em farmácias - não diminuíram os casos de suicídio, ou envenenamento criminoso, mas aumentou, e quanto - o número de ratos.

5 – Depois que, há algumas gerações o arsênico deixou de ser vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou envenenamento criminoso, mas aumentou; e quanto, o número de ratos!

RESPOSTAS NA FOLHA ABAIXO
























RESPOSTAS:

1 – E

2 – E

3 - A

4 – C

5 – B

6 – A

7 – A

8 – E

9 – A

10 – C

Espero ter colaborado.

Rosy Selaro

18.11.2009 – 17hH20m

GRANDE!

A cidade é o burburinho.
É o carro que eu quase atropelo.
A enchente que passa.
Grande cidade grande!
Quantas oportunidades!
Nas casas na boca do morro?
E as mortes são anunciadas...Gêmeos, uma menina de nove
Mais um irmão de vinte...
Ninguém viu, ninguém previu.
O Prefeito premiou os melhores do ano noite passada????!!!!
A lama soterra - ainda - dois corações - "que ficaram."
Só pobres, apenas pobres numa grande cidade.
Lama. Pobres. Cidade. Grandes oportunidades!
Aqui jaz.

Rosy Selaro - 9.11.09 - 9h53min

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ÉTICA DESDE A INFÂNCIA

Assumir uma vida ética talvez seja nosso maior desafio. Como indivíduos, como família, como sociedade e como governo.

Na pré-escola, quando a primeira proposta é “dividir os lápis de cor que estão no pote”, talvez seja esse nosso primeiro compromisso ético, que nos afasta do pior mal que assola a humanidade – o egoísmo. Partilhar, desde criança. Lição simples que serve para a vida toda.

O que é justo, o que é necessário, o que é desejável? Talvez não seja tão difícil responder. Se fizermos ao próximo o que gostaríamos que ele fizesse por nós, simplesmente essas questões estariam respondidas, e possivelmente viveríamos num mundo que hoje, aos nossos olhos, parece utópico.

Será tão difícil ser justo diante de uma questão às vezes tão pequena? A criança que chega em casa com um apontador que não lhe pertence deve categoricamente ser encorajada a devolvê-lo à professora, porque, seguramente, ele tem dono. Nunca os pequenos devem crescer na “lei da vantagem”. Haverá certamente uma sucessão de injustiças, pequenas e grandes, passando de pais para filhos se isto acontecer. O necessário também deve ser feito, porque a própria palavra já diz: É necessário e o desejável é que sejamos justos e éticos e principalmente formadores desses valores, enfatizando-os na educação de nossos filhos.

O discurso muitas vezes é grandioso, mas as atitudes são mesquinhas e as conseqüências incomensuráveis. Falar pouco e fazer o justo, o necessário e buscar a ética nas mínimas coisas, eis a resposta. Tão simples e na verdade, tão complexa. A criança aprende com exemplos e limites, e se for criada dentro de princípios éticos, será, sem dúvida um cidadão na acepção da palavra.

Rosy Selaro
16.10.09 – 17h14min

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

POEMA DE ADÉLIA PRADO - "CASAMENTO"

Casamento

Adélia Prado

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano - São Paulo, 1991, pág. 252.
Saiba mais sobre Adélia Prado e sua obra em "Biografias".


A escolha deste poema de Adélia Prado é proposital, é um contraponto ao texto que escrevi abaixo.

Na análise deste poema vai aquela coisa dos casamentos que “duram por inércia”, homens porque são práticos e mulheres porque gostam de conforto, mas analisem comigo.

Assim mesmo diria qualquer mulher: “Levantar-me na madrugada para limpar peixe. Valha-me Deus!” Pois a personagem do poema não só se levanta como participa de cada etapa e é lindo quando ela diz “ O silêncio de quando nos vimos pela primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo.”

Há aí, as entrelinhas do Poema. Já pensaram nas víceras dos animais, do cheiro, do cheiro impregnando nas mãos? Não, ela não vê nada. Aquele ainda é seu noivo, ela ainda é sua noiva.

“Por fim os peixes na travessa”, diz ela. “Vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva.” Que metáfora maravilhosa para quem acabou de limpar peixe.

Daí o meu declarado amor por Adélia Prado. Essa CUMPLICIDADE que só os amores de verdade têm, me toca e me abala como bomba. Não havia cheiro, víceras, sono, havia amor.

Hoje parece que há muito pouca cumplicidade. O importante do casamento é a festa. A separação por certo já está prevista, depois de seis meses, no máximo.

Persegui essa CUMPLICIADE a vida toda! Mas vejo que ficou só para Adélia Prado em seu magnífico poema CASAMENTO.


Espero que tenham gostado, como eu.

Rose Selaro
“Escrever é Pensar”
30.9.09 - 15h39min

A redação como instrumento formador de consciência crítica - por Yuri Monteiro Brandão

O Blog "Escrever é Pensar"e o "Curso de Redação Escrever é Pensar" têm o prazer de publicar esse trabalho de Yuri Monteiro Brandão, dando aos interessados, que teveriam ser todos os que escrevem, a dimensão do que é "Redigir".



Apreciem e aprendam como eu aprendi.



Espero ter colaborado.



Rose Selaro



30.9.09 - 15h01mim






Texto: A Redação como instrumento formador de consciência crítica. Por Yuri Monteiro Brandão

Prezado professor Dílson, a apresentação "TEMA/TÍTULO" deve-se ao fato de que, na verdade, temos um título, pois um tema exigiria um verbo. Comumente tal distinção até parece passar despercebida. Seja como for, o importante mesmo é a idéia contida na frase, no enunciado.TEMA/TÍTULO: "A REDAÇÃO COMO INSTRUMENTO FORMADOR DE CONSCIÊNCIA CRÍTICA".Redigir é, antes de tudo, um ato de reflexão, de consciência crítica. A prática da redação, como todo exercício intelectual, propicia ao redator extraordinária lucidez de reflexos capaz de absorver os mais complexos ordenamentos de natureza científica, filosófica e humana. Daí o vezo de considerar-se o trabalho dissertativo – a redação propriamente dita, instrumento formador de consciência crítica.Do ponto de vista científico, não há negar: o estágio "superior" a que chegou o homem moderno justifica, de certa forma, sua condição de ser racional. Gradativa e lentamente, estabeleceu princípios marcantes que, sem dúvida, refletem também uma consciência crítica, um juízo de valor: a adequação vocabular, a maneira precisa da expressão referencial para instituir uma ordem científica. Esses conceitos técnicos traduzem, de algum modo, um progresso lingüístico, uma expressão científica, exata, perfeita.No campo filosófico, poder-se-ia afirmar, com mais justeza, a importância da expressão escrita. Sem consciência, sem reflexão superior, o homem rastejaria ao mais sórdido nível irracional. No entanto, contrariamente a todos os demais seres vivos, a criatura humana manifesta sua soberania graças ao dom da palavra, da comunicação, da expressão crítica.Quem disserta, pois, elabora verdades novas e novas formas de convencimento. E, ainda, adquire trato político. Renova, indubitavelmente, padrões de conduta social, intensificando, assim, novos juízos de valor. Quanto mais se busca o discernimento, tanto se aproxima da verdade que a todos, sobejamente, persuade. A arte da boa expressão é realmente inesgotável. Amanhã ou depois, aqui ou alhures, assume novas feições, para melhor traduzir – mais criticamente – todo o concurso das atividades humanas.E todo esse processo de refazimento está calcado na leitura, na reflexão, na crítica constante do homem em relação ao universo. Sem essa consciência viva, sem esse julgamento crítico, desmereceria o mesmo toda a razão de ser.Maceió/AL, 18/10/04,Yuri Monteiro Brandão – YMB – AL.Blog Cultural Textos & Contextos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

DICA DE GRAMÁTICA

USO DA CRASE ANTES DA PALAVRA "HORA" E ANTES DE "NUMERAL"



Use a crase antes de numeral, representando "hora", quando explicita ou subentendida. Veja que nos exemplos há também "crase que se refere só a numeral).

Exemplos:

Chegamos às 20 horas.
Começarei a trabalhar às oito horas. (veja que antes de verbo no infinitivo não há crase - verbo trabalhar).
O capítulo vai da página doze à vinte. ( "à" referindo-se a numeral).
Ficaremos na loja de nove às dezoito.

Agora, não confunda o artigo indefinido "uma" com o numeral "uma" hora.

Aí teremos: Falei a uma moça que me atendeu. (não há crase,"uma" aqui é artigo indefinido).

MAS EM: Voltaremos à uma hora. (temos um numeral representando hora, aqui há crase).


Espero ter colaborado
Rose Selaro


18.9.09 - 16h46min

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

DICAS DE REDAÇÃO

COERÊNCIA E COESÃO

Duas palavras que nos metem medo, até porque não sabemos definí-las e não sabemos que papel elas ocupam no texto que escrevemos:

O que é coerência textual?
É o significado do texto como um todo, ou seja, a coerência é a possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relação entre suas partes (palavras, frases, parágrafos).

ex: Fiz duas operações, uma no estômago outra em São Paulo.

Epa! Tem algo errado aí.

Sim, nós temos um frase organizada sintaticamente mas sem coerência, ou seja, sem sentido, sem significado.

Então ficaria: Fiz duas operações, uma no estômago, outra no ouvido.

Agora sim!
É claro que este exemplo é um exagero, mas é comum lermos ou escrevermos textos que vão perdendo a coerência gradativamente e se tornam absolutamente sem significado.

E o que é coesão textual?
É o bom uso dos conectores. Aquelas palavrinhas para as quais nós nunca damos importância, porque elas não têm significado próprio, mas que se mal utilizadas são mestres em tirar a coerência ( o sentido do nosso texto).

Estou falando dos conectivos: mas, porém, já que, pois, etc. Os denotadores de inclusão: até, mesmo, também, etc. Os denotadores de exclusão: só, apenas, etc. E uma gama de outros elementos coesivos que se não forem bem utilizados se tornam muletas e obscurecem nosso texto, tirando sua qualidade principal que é a clareza.

Veja o exemplo: "Tratava-se de uma pessoa. Essa pessoa tinha consciência. Seu lugar só poderia ser aquele. Lutaria até o fim para mantê-lo.

VAMOS UTILIZAR OS CONECTIVOS?

"Tratava-se de uma pessoa que tinha consciência e seu lugar só poderia ser aquele, pois lutaria até o fim para mantê-lo.

Coerência (sentido) e coesão (forma) só se separam para efeito de estudo, porque para o texto são inseparáveis.

Espero ter colaborado.
Rose Selaro - 11.9.09 - 17h39min

domingo, 6 de setembro de 2009

VERBOS HAVER E FAZER

Como utilizar corretamente os verbos "haver e fazer" nas situações impessoais.

Vejamos:

É comum ouvirmos "Fazem 10 anos que não vejo fulano. NÃO, NÃO FAZEM 10 ANOS.

Frase correta: Faz (na 3ª pessoa do singular) 10 anos que não vejo fulano.

Quando se refere a tempo decorrido o verbo fazer fica sempre no singular (até porque o tempo não faz nada, nós é que agimos no tempo).



Quanto ao verbo HAVER significando tempo decorrido e no sentido de existir, também é impessoal e também fica na 3ª pessoa do singular.

ex. Há dias não saio de casa. Se transferido para o verbo fazer "Faz dias que não saio de casa."

Erro muito comum: Há muito anos atrás. Há, com H, já denota tempo passado. "esse atrás" é uma redundância, então diga: Há muito anos estivemos no Rio ou Muitos anos atrás estivemos no Rio.


Havia muitas pessoas na sala. "Jamais" haviam muitas pessoas na sala.
Houve problemas difíceis naquela época. "Jamais"Houveram problemas difíceis.

O verbo "haver", neste caso, está no lugar do verbo existir e, portanto, é invariável.


Mas se você disser: Eles se houveram bem nas provas, pena a reprovação. (se sairam bem)
Hão de estar no lugar que merecem. (Deverão)
Veja que aqui o verbo haver é conjugado normalmente, não pode ser substituido pelo verbo existir e nem está relacionado a "tempo".

Outro erro muito comum: "Não tenho nada haver com isto."
Forma corrreta: "Não tenho nada a ver com isto." (verbo ver e não verbo haver)


Espero ter colaborado.


Rose Selaro 0 6.9.09 - 14h29min

sábado, 5 de setembro de 2009

DICAS DE GRAMÁTICA

PSEUDO é uma palavra que não varia em hipótese alguma. Não tem plural nem feminino. Por isso, não existem "pseuda, pseudos, pseudas."



A expressão "Antes de mais nada", nada significa. O que há antes de mais nada? Nada. Use em seu lugar, "antes de qualquer coisa", "antes de tudo", etc., estas sim, são legítimas.



Rose Selaro
5.9.09 - 12h33min

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O CELULAR DE CADA DIA

O CELULAR DE CADA DIA

Há muito venho atentando para a importância do celular em nossas vidas. Acho que eles são mais importantes que nossas vidas. Devem até ser enterrados conosco. Acho que do além túmulo será possível fazer “contato”. Haja vista não vivermos sem eles.

Domingo de sol, minha filha, adolescente bonita e eu entramos no metrô. Entram dois garotos de bermudão colorido, sandálias havaianas e camiseta cavada. Nós estámavos sentadas no banco dos bobos e eles do outro lado, à nossa frente. Um deles tira o celular do bolso como um troféu e o coloca para tocar, esses funks, punks, sei lá o que, já não era um celular, era um instrumento de conquista.

E assim tem sido. Concluí que aquele que não pode comprar um carro compra o melhor celular que seu bolso não permite e o paga em enéssimas prestões (se paga), e se sente realizado. O tal bichinho que foi feito para servir de telefone hoje serve mesmo é de status para o pobre. Ele o exibe como uma conquista. “Olha, eu não posso nada, mas tenho um celular bacana, cara!”

Inversão de valores típica do brasileiro. Não há que condená-lo. Não pode exibir conhecimentos adquiridos numa escola pública sucateada há tantos anos, nem modos refinados mesmo de uma família simples que ensinava os filhos a se portarem adequadamente, principalmente em locais públicos e terem educação – como por exemplo, ceder o banco cor de cinza aos mais velhos, no metrô, e não fingir que está dormindo.

Por estatística há no Brasil mais celulares que geladeiras e eu, a propósito dessa citação, me lembro que a primeira geladeira que chegou em minha casa quando eu era menina me causou um frisson da ordem que o celular causa hoje, eu só faltava dormir abraçada a ela e se chegava uma visita ia logo mostrar, sob os olhos severos de minha mãe “menina boba”.

Sintoma perigoso, nos sentimos inseridos, realizados, por tão pouco...

De quem será a culpa.

Que era medíocre e alienante substituirá esse tssunami que é o celular no Brasil. Causa-me desconforto e um certo medo essa banalidade que nos traga.

Rose Selro - 1º/9/09 - 23h44min

Eloquência do silêncio

Eloquentes as palavras que param na garganta. Por dois motivos. Ou porque doem quando ditas, ou porque já não importam.

O tempo da querência, da paixão, da necessidade de transformar esse silêncio em palavras para persuadir e se entregar passa, mas infelizmente não para remetente e destinatário ao mesmo tempo. Aquele que silenciou recomeça de alma limpa e o que espera uma palavra, patina, patina na espera, na angústia, até que um dia entende que esse silêncio lúgubre é a resposta e basta.
Loly Reis 1º/9/09

domingo, 16 de agosto de 2009

GRATIDÃO

Grata a escritora Loly Reis por sua publicação de "A Aurora dos Cinquentões em meu Blog."


Abraço a você Loly



Rose Selaro

VICTÓRIA

Voctória

Encontrei minha amiga Vitória em meados de julho do ano passado. Uma cinquentona feliz da vida que me mostrava uma “Revista Veja” com uma reportagem cuja chamada era “A aurora dos cinquentões”. Ela estava eufórica.

O casamento era uma fachada há muito – cumplicidade zero - já tem um neto vindo meio fora de hora e acabara de se aposentar. “A aurora dos cinquentões”, quem diria... Ela estava radiante porque a reportagem dizia em resumo, que os mais velhos podem tudo. Recomeçar a vida, estudar, ir atrás daquele trabalho ideal que nunca conseguiram ter, em resumo, a revista veja parecia ser mesmo o elixir da juventude para os cinquentões. Tudo pode.

O tempo passou e reencontro Vic, assim eu a chamo, e percebi que algo não ia bem. Vamos tomar um café, convidei, e ela estava eu não digo desolada, mas com os pés enterrados no chão.

Não, os cinquentões não podem tudo. O neto fora de hora passou a ser hora dela. O dinheiro começou a minguar. As amizades do trabalho ficaram lá, como sempre, e ela ainda caiu na gaiatice de tentar um novo amor. Novo para ela, os homens pragmáticos que são, querem só uma farrinha, uma puladinha de cerca.

Vic tinha aquela coroa branca de cabelos denunciando seus cinqüenta e poucos anos e um ar perdido de quem acreditara na revista.

Não, os cinquentões não podem nada. Conheci uma cuja filha descobriu até sua senha e desmascarou seus “privados e-mails”. Filhos algozes, querem tudo sem saber de onde vem o dinheiro, aquelas gordurinhas que nos transformam em tios e tias e uma conclusão:

Homens que se aproximam da vida animal querem um ninho. Querem a roupa lavada e passada na gaveta, o pijama e os chinelos e uma puladinha descartável sempre dá para arranjar, desde que não se exija muito, porque eles também estão carecas, gordos e barrigudos, mas a volta para o Lar é inexorável.

Vitória se apegou ao “novo-ex-efêmero grande amor, que ao menor sinal de perigo deu no pé.

Sobrou a realidade. Prática para eles e sem saída para elas.

Meu conselho à minha amiga, pinte os cabelos, seja prática como os homens e não compre tanta revista porque para trair as mulheres precisam de um motivo e os homens de uma mulher. (ouvi isso em algum lugar - verdade!)


Loly Reis – domingo – 16.8.09 – 14h26min

domingo, 9 de agosto de 2009

ELE

ELE

Primeiramente ele é um grande médico. Lembro-me de ser uma criança daquelas... Num belo dia estou a girar uma vassoura, segurando num barbante amarrado no cabo, e tinha apenas as pontas dos pés como apoio. E girava forte. Cada vez mais depressa. Quando botei o calcanhar no chão havia uma pedra - uma pedra pontuda em meu caminho. Foi sangue pra todo lado. Lá vai meu pai. Desarvorado a me socorrer... Noutra vez não deixei por menos, caí de um jipe de guerra, que ele tinha – daqueles com capota de lona e que ficam com uma abertura grande atrás. Passávamos pela Avenida Nove de Julho e eu despenquei. Quando deram por fé, “eu só podia ter morrido.” Loucamente ele me procurou e eu gritei já lá da calçada, depois de ter atravessado a avenida em meio a todos aqueles carros – PAI – era dia de São João. Ele nunca deixou de acender uma vela em todos os São João que vieram, para agradecer o milagre. Eu tinha uns sete anos.

Ele é também excelente advogado. Advogou minhas causas, quantas houve, mas nunca foi parcial. Algumas eu ganhei. Noutras ele me mostrou o por quê da derrota.

Ele é, por certo, um grande educador. Me deu norte, me deu meios e me deu guarida quando errei. E acima de tudo, me deu caráter.

Seus braços sempre estão abertos. Pra ele eu sempre fui” Zely” e minha irmã caçula “Nenê.” Assim eu também a chamo.

Hoje ele é mais que um grande médico, um inigualável advogado e um insubstituível educador.

Hoje ele é sol. Ilumina meus dias e quando anoitece olho pro céu e o vejo. Ele é uma estrela muito brilhante que eu aponto com o dedo.

“Ali” está MEU PAI sempre sorrindo. Sei que ele tem a certeza de que nunca deixará de olhar por nós.

E como ela, ele também está em mim.


Dedico esta crônica a minha irmã Rosmary – “Nenê.”

Rosely Selaro – 9.8.09 – 11h18min

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

DESEJO

Desejar é verbo sem controle,
É esvair-se
Em corpo
Em mente
Em alma.
É escorrer
Feito chuva na enxurrada
É derreter.
Vela que queima chorado.
Desejar.
Até que o tempo mate esse desejo
Ou até que esse desejo nos mate.


Rose Selaro – 7.8.09 – 12h01mim

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Expressão "Frente a"

"FRENTE A"

Essa expressão é censurada pelos gramáticos. Prefira o uso de: em frente de, diante de, ante, perante, defronte de.

O doutorando apresentou tese nota dez diante da banca de examinadores. (perante a banca)

A mulher estava parada defronte da casa de doces.

Os empregados monstraram-se insatisfeitos diante da proposta de aumento de salário feita pelos patrões.

Rose Selaro

sábado, 1 de agosto de 2009

POR QUE PARTEM TÃO CEDO?

Por que partem tão cedo?

Esse corpo de carne cai bem nos equilibrados, sensatos, justos. Esse corpo de carne abriga bem espíritos medianos, rotineiros, despercebidos.

Mas há os que nele não cabem. Espíritos que escorrem pelos lados, para cima e para baixo. Espíritos que tocam o mistério, que enxergam o avesso e se contraem em dores, amores e vivem depressa para se libertar do cárcere.

Partem logo esses espíritos, porque não suportam essas grades que os retém. São excessivos. Fazem tudo cedo, muito cedo. Querem voar. Deixam muita saudade. Gênios, artistas, loucos, incapazes de manter tanto espírito em tão pouco espaço. Pouco espaço para muito tempo. Lutam desesperadamente. Necessitam o infinito.

Espíritos insanos, rebelados. Partem para um mundo sem fronteiras, sem grilhões e se expandem como querem, já que podem, se livres desse fardo que os ata.

Desde sempre, Lord Byron, James Dean, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Elvis, Álvares de Azevedo, Raul Seixas, Elis, Senna, Michael Jackson. Deixam uma centelha de liberdade, um turbilhão em nossas mentes. Por que partem tão cedo?

Gargalham quando finalmente voam para o céu, para o além. Se encontram e festejam a vida que não é daqui. São eles. Espíritos inquietos.

Rose Selaro

www.escreverépensar.com.br

terça-feira, 21 de julho de 2009

DICA DE GRAMÁTICA - "EU/MIM"

Entre mim e ti. (Essa é a forma correta).

e não entre eu e tu.

A primeira expressão causa estranheza, mas é correta. As formas eu e tu desempenham a função de sujeito e não de complemento.

ALGUMAS FORMAS CORRETAS

Entre mim e ela há muitos pontos em comum.
Sem você e mim não será possível resolver o problema.
Ela se apresentou muito mal perante mim.
Os ladrões investiram contra o gerente e mim.
Entre mim e João nunca houve nada além de amizade.

DICA DE GRAMÁTICA

A PREPOSIÇÃO "EM" NÃO SE UNE AO ARTIGO "O" QUANDO ESCREVEMOS NOMES DE REVISTAS, JORNAIS, OBRAS LITERÁRIAS.



Portanto:



Ex - Lí em "O Estado de São Paulo" que o Museu da Língua Portuguesa é especialmente interessante e deve ser visitado por todos que amam nosso idioma.





Ex - A reportagem foi publicada em "Diário."

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ar!

Cotidiar.
Adiar.
Feliz, citar.
Vida.
Vi, dar.
Real, izar.
Azar.
Remar.
Mar.
Amar.
Amaro.
Doce, lizar.
Presente, Ar!
Ar!
Ar!
Ar!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

USOS DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS

USO DE PRONOMES DEMONSTRATIVOS

É comum o uso incorreto do pronome demonstrativo. Vão aqui regras básicas:

Exemplo:

Não recebemos até a presente data a mercadoria solicitada pelo pedido 41. Solicitamos urgentes providências DESTA empresa para regularizar a entrega.

TEXTO INCORRETO – O pronome demonstrativo a ser utilizado nessa situação seria (DESSA).

EXPLICAÇÃO: Usa-se este e esta em referência a seres que se encontram perto do falante
Usa-se esse e essa em referência a seres que se encontram longe do falante

Pronomes demonstrativos:

- Situação no tempo: Vou desligar esta TV (a TV está perto do falante).
Por favor, desligue essa TV (a TV está perto do ouvinte e longe do falante) Quem pode desligar aquela TV? (a TV está afastada do falante e dos ouvintes).


- Situação no contexto lingüístico na qual uma situação é retomada: (passado)
ex – O sr. é advogado há 20 anos. Com essa experiência é um profissional muito experiente.


- Situação em que o pronome precede a nova informação: (futuro)
ex – A grande oportunidade é esta, investir na educação para mudar o País.


Consulta – Gramática do Português Contemporâneo – Celso Cunha

domingo, 17 de maio de 2009

ELA

Está aí mais um dia das mães e eu já na a tenho. Pela braveza dela não sei se virou estrela, se não virou nada, se habita outros mundos e evolui por lá. Só sei que ouvi que “saudade é o amor que fica”. Belíssimo.

Mas pé no chão mesmo, não tem mais nhoque, arroz doce, sagú de vinho, aquela carne de panela que só ela sabia fazer. E o feijão então? Até salada de chuchu na mão dela criava gosto.

Dificuldades de conviver? Muitas, todas, mas esse “não ti esqueço” agarra no meu pé e não tem porto, não tem porta e muitas vezes não sei pra onde voltar.

Ela era meu bem e meu mal. Uma visionária que sabia que só o estudo acadêmico era a grande herança que podia me deixar. E não poupou esforços.
Mas era tirana no seu amor implícito. Não dizia – “vá com Deus” (só pensava), e como é que eu ia saber? Não me beijava, nem me chamava de minha filha, mas me amava. Era dura como pedra, mãe sem melação, que eu ainda aprendo a viver sem, mas eu burilei esse carinho nunca declarado.

Às vezes agarro meu filho de 19 anos e aperto e beijo e ele se esquiva, afinal ele é um homem! A menina é uma princesa e me pergunto – eu é que fiz isso?

Meus filhos são a minha melhor parte.

Domingo levo pra ela aquelas flores que odeio e deixo lá pro sol queimar e meu coração volta em cinzas.

O que não tem remédio remediado está. Mas o que faço? – e o nhoque, o sagú, a carne de panela, e o feijão então?

Reinvento a vida sem ela. Ela está em mim.


Rose Selaro – 9.5.09

quarta-feira, 6 de maio de 2009

INFARTO MENTAL

INFARTO MENTAL


O infarto se caracteriza pela morte de parte do músculo do coração. A parte que continua viva tem que trabalhar mais para compensar aquela que morreu, para que continuemos vivos.

Assim é nossa vida. Quantos infartos mentais já sofremos e não nos demos conta. Ou não tomamos nenhuma providência?

Quando se aceita aquele trabalho aterrador que nos fere até o fundo d’alma e lá passamos anos, fazendo o que não queremos e não gostamos. Um dia vem a aposentadoria e sofremos muitos pequenos infartos mentais, sem nunca ter tido a coragem de virar o jogo, mandar tudo para o alto e gritar - “ não quero mais isto para mim.”

Assim é o convívio com pessoas das quais não gostamos, com situações que não temos coragem de mudar. Como aquele casamento que nunca deu certo e que a gente sempre dá a mesma desculpa. “Não me separo por causa dos filhos.” - Nada - Filhos não são burros e percebem que os pais não são felizes juntos. Um belo dia percebemos que nossa juventude foi pelo ralo e a gente se deixou levar, por mais um dia, por mais uma covardia. .

Aquele “cara” chato, que permeia nossa vida e para quem nunca tivemos a coragem de dizer: “Olha, não dá, a gente não bate. Na boa, chega!” Mais um pequeno infarto, e o coração está por um triz.

E a mente vai morrendo, aos poucos, sistematicamente, com a nossa conivência.

São tantos, tantos infartos mentais que em determinada altura a gente percebe que resta pouco. Que perdeu muito tempo quando não viajou, não dançou, não viveu, para não contrariar o parceiro. Aí a gente entende que viveu a vida do outro.

Outro dia me peguei comendo polenta. Num átimo me dei conta de que acho essa comida abominável, mas não me dei conta de que até a polenta me provocou vários pequenos infartos mentais sempre que ela fez parte do meu cardápio.

Solução: Colocar-se. Principalmente quando já se vive talvez o último quarto de vida. Falar e fazer o que nos dá prazer. Ou ao menos não fazer o que nos causa desprazer. Aprender a revidar na hora certa, sem viver com cara de ah! é é - e dizer NÃO. Como é difícil aprender a dizer não!

Vai chegar a hora do grande infarto e chorarão algumas lágrimas - mas o mundo não para.

A flor de lótus é maravilhosa e nasce no lodo fétido.

Nossa fétida mente precisa começar a produzir lindas flores de lótus, belas e perfumadas. Nós merecemos tudo, merecemos ser uma flor de lótus. Agora se a gente resolve ser lodo a vida toda ... A escolha é de cada um. E haja infarto mental até que tudo se acabe.


6.5.09 – Rose Selaro

quinta-feira, 23 de abril de 2009

DICA DE REDAÇÃO

VICIOS DE LINGUAGEM

AMBIGUIDADE

O que é ambiguidade?
É o vício de línguagem que cria mais de uma possibilidade de entendimento para o texto, levando a um duplo sentido, dificultando a compreensão.

ex - Vou ti mandar um porco pelo meu irmão que está bem gordo.

Veja o tamanho da ambiguidade!


Resolva este exemplo:

O empregado que se esforça de vez em quando é recompensado.



Você pode utilizar uma vírgula de duas maneiras e ter dois significados.

Tente resolver a questão. Na próxima postagem você terá a resposta.

Rose Selaro - 23.4.09

CHAPINHA

Não quero a chapinha
Quero o cacho.
Quero o Divino
Do bagulho me desfaço.
O eixo é o tropeço
Elixir, e me refaço.
Meu direito, por que tê-lo?
Meu avesso é meu espaço.
Quero a surpresa das curvas
Não ser umbigo
Ser o próximo,
Não ter. Ser.
O tempo....
Mistérios...
Eu me curvo.

Rose Selaro - 23.4.09

quarta-feira, 22 de abril de 2009

DICAS DE GRAMÁTICA

Afim - afinidade, semelhança.

ex - Os três irmãos sempre foram pessoas afins.




A fim de - com o propósito de, para, objetivo, intenção.


ex - Nos falamos a fim de resolver o tal problema.


Rose Selaro
22.4.09
para "Escrever é Pensar"

P E N S E

PENSE...

Informe-se. Opine. Argumente. Tome posse de si mesmo. Do seu corpo e da sua alma. Não ache. Participe. Troque idéias. Mude-as de um dia para outro e admita que estava errado. Fale com um amigo. Leia jornal, livros, escreva e vá se apossando de cada célula sua, por quê? Porque eu preciso de você.

Dói-me profundamente este pensamento que não tenho com quem dividir, porque todos se perderam de todos. Perderam suas partículas, perderam seu espírito e sobrevivem a cada dia, sem nunca se aperceber "dos significados."

De onde você veio? O que está fazendo aqui? Para onde você vai? Não quero enlouquecê-lo, quero apenas que saia da vala comum da massa que transita no mundo dos zumbis. Você é um zumbi e eu muitas vezes também, porque você é. E eu não sei como posso tirá-lo daí.

Sua opinião, seu contra-argumento, seu incentivo, sua dica de que estou errada, são fundamentais para que eu veja sentido na vida.

A gente não quer só comida a gente precisa daqueles que “pensam” e que trocam pensamentos, como se trocassem abraços e beijos. A mente precisa de combustível. E eu preciso de você. Nossa mente precisa ser amada, beijada, abraçada. Utilizada.

Solidão é isso. Bebida, balada e nada.

Se nunca pensou, pense nisso.

Estou ansiosa a sua espera.


Rose Selaro
22.4.09
para “Escrever é Pensar”

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O ESTUDO DA VÍRGULA


Podemos estudar a vírgula de duas maneiras:

1 – A que parte da função dos elementos sintáticos da frase (sujeito, predicado, orações subordinadas, complemento nominal, adjunto adverbial) para normatizar o uso da virgula.

2 – Usar a vírgula segundo o sentido das palavras.

Partindo do princípio de que um “Curso de Redação” trabalha com o texto, vamos estudar a virgula segundo o “sentido das palavras.”

O que é importante saber?

As palavras, para formar uma frase com sentido, têm que ser arranjadas compondo uma seqüência coerente.

Vejamos palavras soltas: Meu lobo matou pai um

Essas palavras soltas assim, na Língua Portuguesa nada significam, mas se eu disser:

Meu pai matou um lobo. (temos uma seqüência lógica que não precisa de vírgula).

Podemos também fazer um novo arranjo

Um lobo matou meu pai. (Com as mesmas palavras, outra seqüência lógica, com significado diferente, sem necessidade de vírgula).

Temos então duas seqüências possíveis. Eis aí a função da “Linguagem” (que arranja as palavras, para que elas formem frases, períodos, parágrafos).

Ainda não falei da vírgula porque é importante mostrar que as mesmas palavras podem ser colocadas na frase, gerando mais que um significado, mas elas não podem ser desconectadas umas das outras por uma virgula desnecessária, o que quebraria a coerência (o sentido da frase).

Suj pred.
Ex Meu, pai/ matou um lobo. (Repare que você tem aí sujeito e predicado e não cabe vírgula depois de palavra nenhuma. ( Nunca se separa o sujeito do seu predicado).



Princípio básico
Nunca quebre uma seqüência de palavras que fazem sentido. Estando a oração em ordem direta, isto é, sem inversões ou intercalações, o uso da vírgula é, de modo geral, desnecessário.

Use a vírgula:

1 – Para marcar intercalações.
ex – O professor, muito astuto, não deu ouvidos a boatos.

2 – Para marcar inversões.
ex – Antes que amanhecesse, todos embarcaram no trem com destino à Capital.

3 – Para marcar omissão do verbo.
ex – Nós nos referimos a fatos e vocês, a hipóteses.



Exercício de fixação: (respostas no fim da postagem)

Considerando o uso da vírgula, marque certo ( C ) ou errado ( E ).

1 - O jornal, publicou várias fotos do incêndio. ( )

2 - Os estudantes, durante a reunião, explicaram, os motivos do protesto. ( )

3 – O medo, do futuro, tem deixado as pessoas, angustiadas. ( )

4 – O equipamento era guardado em grandes caixas com muito cuidado. ( )

5 – A “Volkswagen do Brasil está concedendo férias coletivas de vinte dias a seus funcionários.” (Folha de São Paulo).

6 – A surpreendente reação, do governo contra os sonegadores despertou, reações entre os empresários. ( )



Rose Selaro


RECICLE SEU LIXO
ECONOMIZE ÁGUA













Respostas: 1 – E / 2 – E/ 3 – E/ 4 – C/ 5 – C/ 6 - E

segunda-feira, 30 de março de 2009

PARALELAS

Forçosamente cruzavam olhares todos os dias,
Tinham um passado não passado
Que forçosamente cruzava o presente todos os dias.
Foram sóis, foram luas, foram chuvas
Todos os dias cruzavam olhares e chegavam e partiam.
Meses, anos, rugas, todos os dias...
Paralelas que impediam tudo
Menos passado e olhares.
Não esperavam, se conformavam.
O passado, os erros, as paralelas, a fatalidade.

Um dia ele não veio
Ela esperou, desesperou
Pulou de dentro de si
Porque vivia daqueles olhares
Dos sóis, das luas que iam e vinham.

Ela esperou até o último momento.
Ele nunca mais voltou.

Na estrela que lhe fora designada
Ele lá estava - não forçosamente -
Jovem, olhos brilhantes
Ela de rosa esvoaçante
Nada forçosamente
São felizes para sempre - noutra dimensão.

Rose Selaro - 2.2.04

FRAÇÃO

QUISERA ESTAR AQUI,
TODA AQUI.
NÃO. ESTOU AOS PEDAÇOS
NUM QUEBRA CABEÇA É QUE ME FAÇO.
NUNCA SOU INTEIRA
NÃO HÁ TOTAL, SÓ FRAÇÃO,
ÀS VEZES SOMA OUTRAS SUBTRAÇÃO.
INQUIETAÇÃO COMO SE JAMAIS
HOUVESSE CAMA PARA MEU CORAÇÃO.

ROSE SELARO - 25.12.03

DICA DE GRAMÁTICA (DIFÍCIL DE ACERTAR)

ESTA QUASE NINGUÉM ACERTA. Aí vai um desafio para quem quiser testar seus conhecimentos de língua Portuguesa. Trata-se de um teste realizado em um curso na American Airlines. Na frase abaixo deverá ser colocado um ponto e duas vírgulas para que a frase tenha sentido. (coerência). PENSE antes de ver a resposta que está no final da página. Afinal, assim não seria um teste.


MARIA TOMA BANHO PORQUE SUA MÃE DISSE ELA PEGUE A TOALHA.


OBS.: pense, não olhe a resposta antes de tentar acertar .










RESPOSTA:

Maria toma banho porque sua. Mãe, disse ela, pegue a toalha.


A 'pegadinha' está no fato do uso do verbo suar, confundindo com o pronome possessivo (sua).

quarta-feira, 25 de março de 2009

DICAS DE TÉCNICAS DE REDAÇÃO - EXEMPLOS DE PARÁGRAFOS EFICAZES

O parágrafo é unidade de composição: Constituído de três partes fundamentais para obter coerência e coesão.

Analise a riqueza dos parágrafos abaixo. Esses três elementos estão absolutamente explícitos por Ricardo Azevedo e Cecília Meireles.

Além da beleza, a coerência é marcante.

Exemplo de Parágrafos

Seis amigos estão sentados na calçada. ( I ) (D) A tarde vai chegando ao fim. No portão de uma casa, do outro lado da rua, aparece uma velhinha de óculos, chinelos e vestido azul de bolinhas brancas. Cada um diz o que pensa. ( C ) Surgem seis opiniões diferentes a respeito da mesma vizinha.

Ricardo Azevedo - “ Uma velhinha de óculos, chinelos e vestido de bolinhas brancas -
Companhia das Letrinhas, 1998. p.3


Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. ( I )
Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar.(desenv.até aqui) ( C ) Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa.

Cecília Meireles. “Escolha o seu sonho: Crônicas. Rio de Janeiro: Record, p. 24





Rose Selaro – 25.3.09

POEMA - "CHEIRO"

CHEIRO

O ar desde cedo
Ornado com aquele cheiro
Que invadia meu coração inconsciente.
À noite a gente comia
Cantava, trocava presentes,
Estavam todos,
Até Papai Noel.
A gente se enganava
Que era criança
O tempo...Parado!
Tudo acabou
A raiz arrancada
Carregou os cheiros.
O tempo acordou
E não dormiu mais
Reinvento se quero viver
Preciso refazer aquele cheiro.


Rose Selaro – 4.1.08

segunda-feira, 23 de março de 2009

DICAS DE REDAÇÃO

DICAS DE GRAMÁTICA



ACERCA DE (TUDO JUNTO) – significa, a respeito de, sobre tal assunto

CERCA DE (com o artigo definido “a” separado) significa –aproximadamente, perto de

Há cerca de - faz aproximadamnte


Ex: Acerca de assuntos do coração, a razão pode muito pouco.
Cerca de 30 pessoas estiveram no evento.
Há cerca de meses nos vimos.


Diferença sutil que muda todo o significado da frase.

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A palavra certa é “XIFÓPAGO” – monstro originado da ligação de dois indivíduos na região do tórax, também de pessoas intimamente unidas por inclinação ou temperamento.

COMUM OUVIRMOS OU FALARMOS “XIPÓFAGOS


Novo dicionário da Língua Portuguesa – Aurélio Buarque de Holanda

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DICAS DE GRAMÁTICA


Comum conjugarmos a primeira pessoa do plural do verbo “Vir” no passado, como se fosse tempo presente.

Vejamos:


Presente do Indicativo Pretérito Perfeito do Indicativo

Eu venho Eu vim
Tu vens Tu vieste
Ele vem Ele venho
Nós vimos Nós viemos
Vós Vindes Vós Viestes
Eles Vem Ele vieram


Portanto:

Ex – Nós vimos aqui hoje para falar de amor.
Nós viemos aqui ontem para falar de amigos.


Erro comum que deve ser evitado.

OCO

OCO

Um oco. No peito. No estômago. No coração. A felicidade está no outro. Às vezes o outro é tão pouco, mas a gente insiste e se contenta com tão pouco, de medo do oco. Será que ele me cuida? Me acarinha? Me ama? Dá ânimo pro meu desânimo. Dá fim nessa vontade de nada fazer porque se é oco.

Só como se tanto se tem? Família, cachorro, papagaio, milhões de problemas, mas é tudo oco. Como se a gente fosse casca de ovo e vivesse quebrando, precisando da aprovação, do cuidado, da paixão, do amor, do outro.

Doença? Acho que sim. As mulheres parece que sofrem mais desse oco. Com o passar do tempo ele aumenta. O oco agora é uma missão. Um karma que você tem que cumprir e dói. Duro é que dói.

Vai passando, passando, aquelas rugas sorriem sarcasticamente e dizem com voz de deboche. “Não procure o felicidade no outro”. Sempre procurei e não achei. Quantas coisas não fiz, em quantos lugares não fui. Quanto sofri inutilmente pelo outro. Quando o outro não me cuidou, não se apaixonou, nem me amou e a página virou.

Patina, quando é crepúsculo que parece que emudece, lança uma nevoa na alma e a gente precisa mais da mão do outro, do consolo do outro, do carinho do outro, do amor do outro para ter identidade. Eu sou o outro.

Nada sei disso. Sinto, sinto o oco, no estômago, na garganta e no coração, mas já não brigo nem me obrigo.

Virá esse outro? Aposto que não. Uns lidam bem com essa solidão e outros caem no oco, tão oco que a membrana é de lágrimas derramadas por um outro que está inteiro e se basta.

Não há armas, não há luta a travar. Só o tempo, o tormento e o oco que você bate e faz barulho de oco. Uma coisa perdida. Perdeu-se o corpo. Perdeu-se o tempo. Perdeu-se a alma e o espírito vaga. Oco, tão absolutamente oco.
Rose Selaro – 23.3.09

domingo, 15 de março de 2009

BODAS

BODAS

Dos cinco filhos de Dona Madalena e seu Camilo Ana é o arroz de festa, o pé de valsa. Dona de casa convicta, à moda antiga, roupa branca de doer nos olhos, toalhinhas com biquinhos de crochê nas prateleiras dos armários, mas a capacidade de organizar festas.... ah! Ana é imbatível. Perigo ela organizar festa até em velório. Rédia na criatura!

Mas, mas, mas, a efeméride estava muito próxima. Bodas de Ouro dos Pais – Da. Madalena e Seu Camilo. Por quanto tempo esperara para comemorar essa data.

Telefonou para os 4 irmãos, 5 com ela, e marcou reunião em casa da mãe. Avisada por último. Dia e hora aprazados todos estavam lá.

A sala era a mesma da infância, o sofá já roto agora coberto com uma manta, a pintura desbotada, as cortinas com remendos imperceptíveis e lembranças que todos tinham. Seu Camilo não era de brincar, haja vista a casa, corroída pelo o tempo. Pra que gastar dinheiro à toa.

Bem, todos a postos com um cafezinho e Ana, dona do cerimonial destampou. Seria assim, seria assado, tantos convidados, missa em tal igreja, papai vai assim, para mamãe fazemos um vestido com um pouquinho de dourado – afinal a data pede – o bufet, já com três orçamentos em mãos. E mosca não se ouvia.

Quando Aninha parou de falar já fatigada pelos 100m rasos que acabara de correr só fez perguntar a cada u m dos irmãos se estavam de acordo. Não houve resistência a nada. O pai consultado. Dentro de seu pijama tão velho quanto a sala fez um gesto de “de acordo” sem dizer palavra.

D. Madalena, ah! Da. Madalena, se eles soubessem... Era dela a palavra final.

Clara de pele, uns 75 anos, os cabelos brancos amarrados num coque na altura da nunca e um ar de quem vivera num sistema de defesa, absorvendo a sabedoria das menores coisas. Tinha a resposta no olhar. Houve um silêncio, codificado... Todos conheciam muito bem Da. Marcelina. Ou não?

E assim foi seu desfecho: “Vivo com o pai de vocês há 50 anos. Lavo, passo, criei vocês cinco, cozinho, mantenho tudo arrumado. Eu e seu pai dormimos em quartos separados há uns 20 anos, falamos um com o outro o necessário. Nunca viajamos, recebo a visita de vocês e sabia que esta data não passaria em branco.

Não haverá festa. Ana quis argumentar. Não pôde. Não suportou aquele olhar definitivo que conhecia desde menina.

João Pedro, muito arguto, no íntimo sabia qual seria a reação da mãe. Foi o primeiro a se levantar, beijou e abraçou carinhosamente a mãe, abraçou o pai (homem não beija homem) dizia sempre seu Camilo, alegou um compromisso para dali a meia hora e se foi. Cada um foi saindo e assim “não” se comemoraram as Bodas de Ouro de Da. Madalena e Seu Camilo.

Passados uns dois anos seu Camilo faleceu. As visitas à Da. Madalena eram de pesar e instigada por uma dessas pessoas que demonstram sofrer mais que o parente do morto, respondeu ela: “Não se preocupe comigo estou bem. Levanto a hora que quero, como a hora que quero, faço o que quero, não tenho reclamações, nem lamentações a fazer. É a vida. Parece que finalmente Da. Madalena adquirira asas.

Sou professora de técnicas de redação e levo às vezes algum tempo para explicar a meus alunos o que é “coerência”. Acho que a partir de agora não terei mais dificuldades.
Loly Reis 15.3.09

terça-feira, 10 de março de 2009

NASCE O BLOG "ESCREVER É PENSAR"

O Blog “Escrever é Pensar” tem seu nascedouro no domingo 15.2.2009 com a finalidade de dar suporte ao Curso de Redação “Escrever é Pensar”. É dedicado aos meus amigos e meus alunos e gostaria que fosse um ponto de encontro.

Aqui quero deixar minhas idéias em forma de prosa e poesia e aqui quero interagir. Aqui traremos autores e suas obras. Gostaria que o Blog fosse recheado de crônicas, poemas, falas de todos os gêneros. São bem vindos todos que derem uma paradinha no “Escrever é Pensar”. Como diria Tim Maia “Vale Tudo”, desde que some, ou seja, uma informação que se torne conhecimento e que passe a fazer parte do nosso repertório e que fatalmente se tornará escrita de boa qualidade. Essa é a forma (não a fórmula), do “Escrever Bem”.

Comentários, sugestões, idéias a serem debatidas, tudo o que nos possa acrescentar e porque não uma piada, divertir também vale...

Afinal, vive mais e melhor aquele que se aproxima mais da piada que do fogo cruzado.

A cada dia darei informações sobre técnicas de redação e dicas de gramática, que muitas vezes nos atormentam e ficam sem resposta. Fico à disposição para receber perguntas, ( tentarei ao máximo respondê-las).

Por que “Escrever é Pensar”? Esse verbo ser (é) que utilizo para dar nome e direção a este trabalho é fruto de uma constatação.

“Só escreve bem quem pensa bem” E como pensar bem? Vivendo! É a resposta. Buscando conhecimento acadêmico, boa leitura, questionar o mundo que nos rodeia e refletir sobre assuntos importantes que na maior parte das vezes passam por nós sem sequer ser registrados.

Por que “Pensar bem”? Sim , Pensar Bem antes de Escrever. Antes de deitar ao papel palavras que precisam de coerência e conteúdo para tocarem seu leitor.

Tocar o leitor. Eis a questão. O leitor espera isso desse emissor que se utiliza da linguagem. Que ele traga uma mensagem capaz de levá-lo a refletir. Só refletindo conseguiremos escrever com eficácia.

Assim é: Um pensa e escreve. Outro lê, e essa leitura sistêmica mais as técnicas de redação que precisam ser postas em prática nos levam à comunicação.

Nasce o “Blog Escrever é Pensar”, com esse propósito. Incitar cada vez mais alunos, profissionais liberais e todos os que se valem da linguagem, a ter um espaço para refletir, pensar e escrever.

O benefício certamente será de todos nós.

domingo, 1 de março de 2009

Tutti e Nina, gatos do passado e do presente

Outro dia, à tardinha, parei bem perto do muro e peguei uma conversa da Nina:
Oi, tudo bem. Tudo. Quem é você? Eu sou a Nina da família. Meu pai me pegou de uma moça filha de um amigo dele. Eu estava perdida e ela me levou para casa, mas não podia ficar comigo, como o gato aqui da casa tinha morrido, meu pai me trouxe. Ah! Legal.

E você gosta de morar aqui? Gosto sim. Minha mãe é muito boazinha comigo. Me trata bem, me dá ração e quando ela mexe com carne sempre me dá uns pedacinhos. Acho ela um pouco triste. As coisas não andam muito bem por aqui. O nome dela é Ana Carolina, bonito né. E você? Quem é? Você tem um rabo tão bonito?

Acho que sim porque minha mãe dizia que eu mais parecia um gato acoplado num rabo.
Meu nome é Tutti. Tutti? Que nome engraçado, quem ti deu esse nome? Eu fui achado numa árvore em péssimas condições e meu pai me botou numa caixa e me levou para casa. O nome vem de um perseguido político do regime militar. Na verdade meu nome é Stuart Angel. Esse moço morreu nas garras da ditadura e a mãe dele Zuzú Angel denunciou a tortura e a morte do filho até sofrer um acidente de carro muito estranho, e ela morreu também. Por isso minha mãe me deu esse nome – em homenagem a Auzú Angel e seu filho Tutti - o que muito me orgulha. Mas fale mais de você e de sua família.

Meu pai é seu Roberto, ele é quieto e gosta muito de mim. É o primeiro a se levantar e me dar água, comida, me põe no quintal, ele conversa muito comigo sabe? Meu irmão, o Alexandre, entrou na USP. Cara foi um barato! Parece que a casa ia explodir de alegria. Eles não cabiam em si de contentes. Minha mãe contou pra todo mundo. Mas meu irmão mereceu, ele estudou muito. E eu sou tida como meio selvagem, só sento no colo do Alexandre, não sei dizer porque.. Minha irmãzinha é a Catarina, a gente chama ela de Kat, ela tem só 13 anos, mas está uma moça linda! Inteligente, ajuda minha mãe, uma gracinha.

Pelo jeito você gosta muito de sua casa não é Nina? Gosto sim Tutti, mas ando querendo mais liberdade. Minha mãe me coloca na varanda da frente da casa e por várias vezes tentei fugir. Gostaria de correr o mundo, ver coisas novas, conhecer outros gatos. Acredita que você é o primeiro gato que conheço?

É eu sei de tudo. Comigo foi assim também. Minha mãe tratou do molambo que eu era quando me pegaram, mas comecei a fugir por todos os lados da casa, não havia quem pudesse comigo. Eu também queria conhecer o mundo. Minha mãe fechou a casa pra eu não fugir depois tomou uma decisão radical: A partir de agora o Tutti é livre para ir e vir. Se tiver que morrer em baixo de um carro que morra, é um direito dele. Ele tem o direito de viver, ou morrer, em liberdade.

E foi o que aconteceu. Numa de minhas saídas um carro me pegou. Me levaram às pressas para o médico mas não deu tempo.

Tutti, você está querendo me dizer que está morto? Não gatinha... eu não estou morto, apenas estou em outra morada e você veio me substituir. Vim só visitar. E saiba de uma coisa: os animais são anjos disfarçados que Deus manda para a Terra.

Cuide bem de sua família. Tchau Nina seja feliz. Você vai voltar, Tutti? Não depende de mim Nina. Quem sabe?

Eles não me viram, meus olhos estavam marejados. Surpresa, não. Tudo dentro da normalidade.

Nina, vamos, é hora de entrar. E não me canso de repetir para mim mesma. “Odeio crepúsculos.”

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Escrever é adrenalina pura

Escrever é adrenalina pura. Talvez saltar de paraquedas. Surfar. Apaixonar-se, sim isto é escrever para mim. Acho que até dormindo estou escrevendo e resolvi dar forma a essa escrita que borbulha nos meus pensamentos criando este blog – “Escrever é Pensar”, fazendo já um link com meu curso de Redação que tem o mesmo nome a idéia é matar os bichos, devolver os sapos, falar de amor, fazer críticas, criticar a mim mesma e interagir.

Quero dividir com vocês meus amigos e pessoas especiais que permeiam minha vida, experiências cotidianas, emoções e tudo que puder ser passado do pensamento para o papel, ou seja, para o computador, que já substituiu o velho papel e a velha caneta.

Espero a participação de todos. E quero vê-los escrever comigo e jogarem temas nessa berlinda. Que possamos fazer uma terapia da escrita juntos. Já que amigos compartilham.