sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Por que vieste?

Trouxeste teu corpo e não tua alma.
Meus pelos foram teus e minha penugem não quiseste.
Abarcaste tudo. Sim. Talvez. Porvir.
Tiveste na delicadeza a fragilidade.
Pisaste o único fio do meu prumo.
O rumo é tão pouco e por que vieste
Sabotar anjos meus que se foram contigo
Barganhar demônios teus que deixaste comigo.
Por que engendras uma cantiga tão sem destino?
Presença pouca faz muro de arrimo
E o vendaval cospe escassos amores
Esburaca cantos, aumenta temores
Foste barquinho de papel em mar revolto.
Sopraste meu último esforço.
Teu beijo amargo. Gosto da partida.
Por que vieste?
(Rosely Maria Selaro) em 24.2.2012 - 12h48min

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

PAIXÃO



Se algum dia roubarem sua paixão, seu amor, seu bem querer, seu amor platônico, não se sinta roubado. Não se dê direitos, porque você não os tem. É a lei do coração e o máximo a fazer é pegar o seu bornal e ir chorar baixinho lá longe e tomar qualquer remédio. Pra dormir, para se acalmar ou fazer o melhor. Tentar esquecer.

Sentimentos de paixão não têm ética, não têm justiça, não têm. Porque não se obriga ninguém a querer ninguém. Não se pode lutar contra isso. Você pode brigar, xingar, matar, pode tudo, mas lhe afirmo, não vai adiantar. É lamentável, é doloroso, é cruel, mas é a pura, nua e crua verdade. Não há roubo nas coisas da paixão. Não se rouba coração. Acontece. E se acontece, não há vencidos nem vencedores. É o acaso. Ou estava escrito nas estrelas.

Tome seu rumo, levante a cabeça, não atormente ninguém, mesmo que você fique sem eixo, sem prumo e totalmente atordoado. Vai passar e você vai se apaixonar outra vez. Sentimento de perda, de rancor, de vingança não levam a nada. Você só perde tempo. Há coisas na vida contra as quais não se pode lutar, porque todas as armas são vãs. Ninguém se apaixona porque quer e ninguém obriga ninguém a se apaixonar.

Se paixão tivesse ética, justiça, moral, não seria paixão. Seria razão.

Rosely Maria Selaro - em 16.2.2012 - 12h27min