segunda-feira, 7 de março de 2011

ESCREVER É PENSAR

Escrever: Problema ou solução?

O que fazer com esta folha de papel em branco que está a minha frente esperando que eu escreva nela palavras que levem a um texto coerente, capaz de persuadir meu leitor?

O que fazer diante do vestibular, de um concurso público, na busca de um emprego, um relatório de trabalho, um tema de redação que leio e não entendo?

Escrever sobre um assunto que o tema não pede, além de falha na comunicação, pode significar também fracasso no vestibular, no concurso, na obtenção da vaga para um emprego, ou pior, colocar meu emprego em risco.

A questão é: Como escrever e o que escrever?

Você pode aprender com facilidade “como” escrever se tiver uma orientação inovadora, constante e um método eficaz comprovado por pessoas que superaram essa dificuldade.

Como escrever?

Por meio de abordagem prática. Mesclando conceitos e exercícios será abordada a “forma” que parte dos defeitos de um texto, das qualidades desse texto, da coesão e da coerência como capacidade de levar ao leitor uma mensagem objetiva e eficaz.

O que escrever?

Criar um texto desenvolvido por meio da "reflexão". Refletir sobre o que quero escrever.

Escrever na sua mais pura definição é “PENSAR”, quem não pensa bem não escreve bem.

Pensar bem, requer postura de vida, questionamento, observação do mundo e do que está a nossa volta, leitura constante e prática da escrita.

Essas duas vertentes: forma/pensar levam à construção da escrita eficaz. Aquela que cumpre seu papel não só de informar, mas de modificar o repertório de quem escreve e de quem lê. Num trabalho de "fazer crer" de persuasão do meu leitor.

A capacidade de escrever com eficácia nos faz mais coerentes e mais seguros diante de situações que requerem fluência na comunicação.

A palavra – única arma daquele que quer se comunicar bem, passa pela forma e pela reflexão, com a finalidade de no papel o resultado de um repertório adquirido que modificará respostas e por certo nos fará ter uma auto-estima capaz de enfrentar desafios até então intransponíveis.

Esta é minha proposta de um Curso de Redação Personalizado, porque cada interessado tem necessidades diferentes, que aparecerão no caminhar do curso e serão sanada, na busca da construção do texto ideal na sua finalidade de comunicação.

Essa é a minha proposta de Trabalho.


Rosy Selaro
Curso de Redação "Escrever é Pensar"

7.3.2011 - 10h57min

sábado, 5 de março de 2011

MULHER HOMEM

MULHER HOMEM

Tenho amadurecido a idéia de que as mulheres estão se tornando homens. E vendo ontem "Café Filosófico" na TV cultura, com Maitê Proença e o psicanalista Jorge Forbes, me chamou a atenção a fato de ele dizer que as mulheres hoje usam terninho, cabelo curto e pasta executiva. "Que não devem." Que não devem copiar os homens.

Jorge Forbes, você como psicanalista deveria ter analisado o interior de nós mulheres. Quantas vezes queremos agir como tal, ligar para aquele cara especial que anda sumido e dizer: “estou morrendo de saudade, ou quero ti ver”.Usar terninho, sr. Forbes, significa que não há espaço para emoções. Homens não têm emoções, ao praticar sexo fazem farra, enquanto as mulheres gostariam de fazer sexo para celebrar alguma coisa parecida com o amor - eu não ousaria ser taxativa ao dizer essa palavra - sob pena de ser brega e já estar me tornando uma mala.As mulheres se escondem ,sr. Forbes. Estão aprendendo a não ter emoções como os homens e fazer do sexo apenas uma farra. Ninguém faz uma farra sexual vestida de menina!Mas o feitiço está virando contra o feiticeiro e os homens estão se cansando das mulheres homens.

Ser homem é muito prático e muito vazio, beira a animalidade. A mulher é doce, espera um telefonema, espera atenção, mas está aprendendo a conviver com o sub-eu-animal-masculino. Os “senhores” quiseram assim, não reclamem do terninho. A alma feminina sabe porquê foi obrigada a ser homem, mas se nem mesmo o Sr. que é psicanalista percebeu, imagine esses pobres mortais desprovidos de emoção e até de educação que permeiam nossa vida. Vida de mulher.

Algum homem com alma feminina que se revele!


Rosy Selaro
5.3.2011 – 17h7min
Curso de Redação “Escrever é Pensar”

A Descoberta do Mundo - Clarice Lispector

A paixão pela obra de Clarice Lispector nos dá "presentes" como este texto.

Rosy Selaro
Curso de Redação "Escrever é Pensar"

A DESCOBERTA DO MUNDO

O que eu quero contar é tão delicado quanto a própria vida. E eu quereria usar a delicadeza que também tenho em mim, ao lado da grossura de camponesa que é o que me salva.

Quando eu era criança, e depois de adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir o ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo alíás atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.

Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida.Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. Ou será que eu adivinhava mas turvava minha possibilidade de lucidez para poder, sem me escandalizar comigo mesma, continuar em inocência a me enfeitar para os meninos? Enfeitar-me aos onze anos de idade consistia em lavar o rosto tantas vezes até que a pele esticada brilhasse. Eu me sentia pronta. Então. Seria minha ignorância um modo sonso e inconsciente de me manter ingênua para poder continuar, sem culpa, a pensar nos meninos? Acredito que sim. Porque eu sempre soube de coisas que nem eu mesma sei que sei.

As minhas colegas de ginásio sabiam de tudo e inclusive contavam anedotas a respeito. Eu não entendia mas fingia compreender para que elas não me desprezassem e à minha ignorância.

Enquanto isso, sem saber da realidade, continuava por puro instinto a flertar com os meninos que me agradavam, a pensar neles. Meu instinto precedera a minha inteligência.

Até que um dia, já passados os treze anos, como se só então eu me sentisse madura para receber alguma realidade que me chocasse, contei a uma amiga íntima o meu segredo:que eu era ignorante e fingira de sabida. Ela mal acreditou, tão bem eu havia antes fingido. Mas terminou sentindo minha sinceridade e ela própria encarregou-se ali mesmo na esquina de me esclarecer o mistério da vida. Só que também ela era uma menina e não soube falar de um modo que não ferisse a minha sensibilidade de então. Fiquei paralisada olhando para ela, misturando perplexidade, terror, indignação, inocência mortalmente ferida. Mentalmente eu gaguejava: mas por quê? Mas para quê? O choque foi tão grande – e por uns meses traumatizante – que alí mesmo na esquina jurei alto que nunca iria me casar.

Embora meses depois esquecesse o juramento e continuasse com meus pequenos namoros.

Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.

Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor. Esse adulto saberia como lidar com uma alma infantil sem martirizá-la com a surpresa, sem obrigá-la a ter sozinha que se refazer para de novo aceitar a vida e seus mistérios.

Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é pudor apenas feminino.

Pois juro que a vida é bonita.

(Clarice Lispector. A Descoberta do Mundo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984. p.157-8)