domingo, 9 de agosto de 2009

ELE

ELE

Primeiramente ele é um grande médico. Lembro-me de ser uma criança daquelas... Num belo dia estou a girar uma vassoura, segurando num barbante amarrado no cabo, e tinha apenas as pontas dos pés como apoio. E girava forte. Cada vez mais depressa. Quando botei o calcanhar no chão havia uma pedra - uma pedra pontuda em meu caminho. Foi sangue pra todo lado. Lá vai meu pai. Desarvorado a me socorrer... Noutra vez não deixei por menos, caí de um jipe de guerra, que ele tinha – daqueles com capota de lona e que ficam com uma abertura grande atrás. Passávamos pela Avenida Nove de Julho e eu despenquei. Quando deram por fé, “eu só podia ter morrido.” Loucamente ele me procurou e eu gritei já lá da calçada, depois de ter atravessado a avenida em meio a todos aqueles carros – PAI – era dia de São João. Ele nunca deixou de acender uma vela em todos os São João que vieram, para agradecer o milagre. Eu tinha uns sete anos.

Ele é também excelente advogado. Advogou minhas causas, quantas houve, mas nunca foi parcial. Algumas eu ganhei. Noutras ele me mostrou o por quê da derrota.

Ele é, por certo, um grande educador. Me deu norte, me deu meios e me deu guarida quando errei. E acima de tudo, me deu caráter.

Seus braços sempre estão abertos. Pra ele eu sempre fui” Zely” e minha irmã caçula “Nenê.” Assim eu também a chamo.

Hoje ele é mais que um grande médico, um inigualável advogado e um insubstituível educador.

Hoje ele é sol. Ilumina meus dias e quando anoitece olho pro céu e o vejo. Ele é uma estrela muito brilhante que eu aponto com o dedo.

“Ali” está MEU PAI sempre sorrindo. Sei que ele tem a certeza de que nunca deixará de olhar por nós.

E como ela, ele também está em mim.


Dedico esta crônica a minha irmã Rosmary – “Nenê.”

Rosely Selaro – 9.8.09 – 11h18min

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