segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Relógios

Com carinho para Celia e Elcio, meus alunos

Redação: Tema - Relógios

Bons e maus tempos

Os relógios parecem mais bonitos quando somos jovens. Recém-casados, filhos que nascem. Uma vida que começa, todos os nossos laços ainda estão atados. Pais são nosso porto seguro, estão sempre amparando a nós e a nossos filhos e tudo parece festa. Os aniversários, os natais, os reveions. Um tempo vibrante que marca horas plenas.

O tempo porém, vai se mostrando inclemente e o espelho acusa nossos primeiros cabelos brancos, as primeiras rugas e o filhos vão deixando de ser crianças. Nossos pais que eram o alicerce de tudo começam a ver em nós o seu alicerce e a responsabilidade começa a pesar. Somos pais e somos filhos. Já experimentamos um certo cansaço e temos consciência de que “o tempo não para” e por certo aponta para períodos mais complicados. Isto tudo na verdade fica no nível do inconsciente e parece que o relógio nunca vai marcar um tempo de ausência, um tempo de saudade, parece que tudo é eterno.

Um dia percebemos que nosso relógio esta riscado. Percebemos também que os ponteiros estão muito pequenos e que já precisamos de óculos para ver as horas. As crianças já cobram mais liberdade, porque já se sentem donos do próprio nariz e de certa forma nos julgam obsoletos. Papai e mamãe estão velhinhos e precisam muito de nós. Tempos difíceis. Horas compridas. A doença. Um dia eles não estão mais conosco. Partem e já não somos filhos. Já não há para onde correr.

São os tempos. A única coisa que não muda é o estado de mudança, mas é tão difícil mudar! Onde estão meus heróis? Eu quero aquele tempo de volta. Quero as crianças, quero o cheiro do café fresquinho da casa de minha mãe. O relógio é implacável e diz não. Olho para o futuro com os olhos marejados e engulo minhas lembranças. Maquio minhas rugas e sigo embalada por horas que não entendo. Guiada por tempos modernos recheados de passado. É a vida. É a vida. É a vida....

Rosy Selaro
Em 20.10.10
18h30min

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