sábado, 25 de dezembro de 2010

ROSELYS

ROSELYS

Estou passando pela síndrome do nome. Do meu nome. Arre que demorou. Já fiz tanta coisa nesta vida que não deu tempo de eu reparar neste Rosely. Espero que tenha sido só no nome (risos forçados dos orkuts da vida!! rsrsrs). Será que nunca reparei no meu nome? Ou nunca reparei em mim?

Gostaria de me chamar mesmo – Ana Carolina – eu seria Carol, Carô, Ana, sei lá, acho muito bonito. Eu não sou “bi e daí?”, também não canto, mas seria bonito mesmo! É, Ana Carolina! Ou quem sabe Angel. Aí ia ter sempre aquele negócio. “Como mesmo?” Angel? Alguém pra perguntar o que significa Angel – será que eu gostaria de ser anjo? Do pau oco? Meu passado me condena. Não sei. Não tenho cara de Angel. Mas gostaria.

Esta Rosely que está em mim, ainda com este Y e de quebra este Maria. Nome de velha né? Toda Sandra, toda Marisa, Márcia, Ana Maria e mais um monte. O nome não mente. Se bem que outro dia uma vendedora de loja me disse que se chama Rosely – e ela é muito jovem – claro que tinha uma história. Ela quase morreu no parto e a mãe dela homenageou a médica que a salvou. A médica se chamava Rosely – nome de velha - e o Sueli então! Sabe que pra mim é normal. Chamou de Sueli eu atendo e dou conta. Igual cachorro vira-lata, atendo por qualquer nome. E tem Rose também. E não é que um dia um rapaz, faz tanto tempo! Não me lembro quem, perguntou meu nome, eu disse: “Rose”. Ele me perguntou se era nome de guerra. Ah! Meu Deus. Voou pena pra todo lado. O que ele estava pensando que eu era? Uma galinha? A expressão voou pena pra todo lado é só uma expressão. Mas acho que o moço não sobreviveu aos meus ataques. Jovem, meio loura, dona do mundo. Deve ter sido uma catástrofe. Plenamente evitável!

Agora me assino Rosy Selaro. Por suposto o Y é meu e ninguém tasca. Está no meu nome e pronto. Eu coloco onde quero – com boa educação é claro. E Selaro é o sobrenome de meu digno pai, que eu honro hoje e sempre.

Rosely Maria Selaro (Passalacqua, por empréstimo). Tem coisa bem pior!

Mas já nesta altura reverencio minha mãe que me deu o nome da neta de um coronel que era vizinho dela. Maria, Mãe de Jesus, é por quem me ajoelho e ergo os olhos para o céu. Maria, Santa Maria Mãe de Deus, cuida de mim. Selaro que meus filhos carregam como eu os carreguei no meu ventre por nove meses.

Esta Rosely, esta Rosy, esta Zely – como diriam meu pai e minha irmã – esta Rosy é quem me faço. Fico com elas, suas glórias, suas mazelas. Essas anas carolinas, essas angels, não têm essa coisa renhida do meu por fora e do meu por dentro. Nós somos tantas e tão diversas! Condensadas no saber e na ignorância. Na bondade e na ira. No tudo e no nada. Na vida e na morte. Somos um feixe de Roselys.

Hoje me dou conta desta Rose, Rosy, Maria, Zely, Sueli, Rosely Maria e me aprumo e me arrumo. Faço meu nome. Não permitiria nunca que ele me fizesse.

E quando olho, e quando atento, e quando me pego Rosely de corpo inteiro me encho de beijos e abraços, de socos, de ódio, de amor. Rosely, Rosely! Cuida de ti. Do teu corpo, da tua alma, da tua mente, do teu espírito e luta para voltar à Pátria tendo cumprido ao menos metade da missão a que te propuseste cumprir. Essa Ana Carolina e essa Angel, liberto-as. Elas jamais dariam conta de tantas Roselys que há em mim.

Rosy Selaro
Em 3.11.2010 – 0h19min.
Postada em 25.12.2010 - 0h9min

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