segunda-feira, 12 de julho de 2010

IRONIA

IRONIA

Engraçado como a gente vive ou convive com coisas de que não gosta e passa uma vida sem se aperceber disso. Hoje entendi que não convivo com a ironia. Ela tem uma crueldade camuflada que me desmonta.

Perguntaram-me se passei bem o ano e respondi que foi conturbado e imediatamente a criatura arrematou: “Você não estava em Angra né?” Não consegui responder com a mesma ironia porque não pertenço ao mundo dos “agressivos de plantão.”

Tenho uma prima que tem gatos. Conhecemos o mais novo – Zeca – ele tem as costas amarronzadas e o peito e as patas branquinhos. Os olhos são de um amarelo que se confundem com o pelo. Vira-se minha filha e diz: “Mãe, ele não parece um pão com manteiga?” Foi um riso só, e o Zeca virou “pão com manteiga”.

Está aí a diferença. Há pessoas originais, criativas, capazes de tiradas incríveis. Outras são irônicas e perversas. Hoje, depois de bem vivida notei que a ironia me incomoda. Eu não estava em Angra (e pobres dos que estavam!). Também não estava no Haiti, nem nos bairros de São Paulo que estão em estado de calamidade pública por causa das enchentes. Meu humor está em baixa e dessa história só se salva mesmo o “pão com manteiga.”

Pessoas perspicazes e que ainda provocam riso são especiais. Já aquelas que se armam com a ironia deixam transparecer insegurança e pobreza de espírito.

À argúrcia tudo. À ironia a compaixão.


Rosy Selaro
7.1.10 – 15h15min
postagem em 12.7.10 às 23h13

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