terça-feira, 20 de julho de 2010

A PROFESSORA DE REDAÇÃO

Aos Leitores do blog Escrever é Pensar, com muito carinho.


É com muita alegria que compartilho o trabalho deste meu aluno, "Henrique". É por orgulho mesmo. Seria hipocrisia dizer o contrário. Mas é um orgulho do bem.

Ele me chegou com uma redação que fez num concurso, que tinha a seguinte observação: "argumentação superficial". Aí começamos a trabalhar. É claro que sem a palmatória, sem o milho, sem o Lula e adéptos, mas com a intenção sim, de transformar desesperados alunos em "machadinhos". Seria a glória total. Esta modesta criadora que vos fala, sendo suplantada por suas criaturas. Quiçá isto acontença com cada aluno meu, como acontece agora com o Henrique.



Henrique, você pode tudo. Passar no concurso, ser um grande juíz ou promotor, daqueles poucos que reverenciamos, fazer crônicas e principalmente escrever os livros jurídicos que almeja escrever. Eu vou viver para vê-los nas poucas (infelizmente), livrarias de todo o Brasil.



Brasil que vai mudar, não pelo futebol. Mas porque tem sim, muitos jovens como você. Sonhadores e capazes e que apenas não se deram conta, ainda, de tudo o que podem. Você já descobriu os meandros intrincados e maravilhosos da escrita.



Vá! A vida está aí, a sua espera.



Será que vou ter que usar a palmatória ou ajoelhá-lo no milho?



Seu texto está sendo blogado no "Escrever é Pensar" que é brindado com o nascer de um escritor e eu me sinto muito feliz de tê-lo "acordado" para esta realidade. Isto, Henrique, realmente não tem preço.



Seja sempre abençoado.

Rosy Selaro



Leitores, se deliciem com a leveza e o humor do Henrique Silva.

Querida Professora,

Este texto é uma brincadeira muito séria. Parei, pensei e tentei escrever. Quero ter feito um texto legal. Não sei se posso classificar como crônica. Não quero ser prepotente ou nem me sinto a última bolacha do pacote. Acredito que essa minha atitude seja pela razão de eu estar em más companhias, a senhora mesmo e alguns textos de um blog que leio, que a senhora conhece bem.

Já imaginou umas quinhentas Rosy, dando aula no ginásio e colegial? Como poderiam ser os alunos dessas escolas? Que pena que a profissão de professor neste país seja tão desvalorizada.

Nunca fui um amante da escrita. Hoje quero ser marido, amigo, amante e tudo mais que puder, da escrita. Agora não me preocupo em escrever trinta linhas, mas em caber em trinta linhas o que escrevo, isso é por causa da senhora. A senhora despertou em mim um interesse e uma vontade de escrever imensurável e indescritível.

Muito obrigado por isso. O que a senhora fez, não tem dinheiro do mundo que pague.


A professora de Redação


Tenho uma professora de redação. Porque escrevo mal. Também porque quero passar em concurso público. Sem uma boa nota em redação, esqueça!



A professora diz que não pode usar individuo, sujeito, tudo, nada e mais algumas palavras, que no momento, não lembro. Fala que algumas são coloquiais e outras não dizem nada, por exemplo, tudo ou nada. Isso é duro! Tenho vontade de puxar o cabelo dela, morder, sequestrar e às vezes até matá-la. Ela me deixa doido!



Daí penso melhor e desisto. Não quero me tornar amigo do Bruno, Macarrão, Bola, Mizael e do casal Nardoni. Além do que, a professora de redação é a alicerce da familía, se lhe fizer maldade, irei prejudicar a meia dúzia de filhos que tem. Ah!, o marido foi embora. Não aguentou as correções gramaticais de quando falava, sem contar que era fanho e tinha lábios leporinos. Esse sofreu mais que os alunos, nunca mais ouviram falar dele.



Não bastando isto, ficaria impedido de realizar meu sonho de ser juiz ou promotor, pois é exigência para estes cargos, a conduta ilibada. E quem mata a professora de redação, com certeza não tem decente conduta e muito menos ética. Portanto, não serviria para ser juiz.



Falando em ética, a professora de redação fala muito sobre esse tema. Diz que só seremos um país decente quando percebermos que a ética nasce em casa e os país ou os responsáveis dos menores são os exemplos para os pequenos e estes seguem o que visualizam e não o que lhes dizem para fazer. Copiam os atos praticados e não os idealizados, propagados como correto. Pai bandido, filho idem. Veja os exemplos fáticos, família Sarney, Maluf e Tuma.



No Brasi, o problema não é a política, porque neste ramo sempre só teve bandido. Se exigissem dos candidatos que disputam eleições o que é cobrado nos concursos públicos, como notável saber e conduta ilibada, não haveria candidatos aptos. O País ficaria sem prefeito, senador, deputado, vereador. Com certeza estaria melhor.



Aliás, a professora de redação é apaixonada pelo Lula e agora pela Dilma. Dizem que idolatrava o FHC, mas ela nega veementemente, isso nunca, diz ela!



Pândego, como uma mulher tão inteligente pode gostar destes aproveitadores e salteadores. Nada é perfeito.



Voltando às aulas de redação, tem um detalhe que a professora diz imprescindível. O parágrafo. Diz que este é formado pela ideia central, desenvolvimento e conclusão.



Pobre de nós alunos, quando erramos o bendito, podemos escolher: ajoelhar no milho ou palmatória. Isto lembra década de vinte do século passado.



Por que aceitamos isto? Tá de brincadeira? Putz, a professora de redação é um gênio da escrita. Dizem que nas vidas passadas foi Machado de Assis, outros que foi Fernando Pessoa.



Isto não importa, relevante é que os alunos dela mais cedo ou mais tarde escrevem super bem e passam nos concursos.



Depois lembramos, rimos e ainda hoje é possível sentir as marcas do milho que nos joelhos ficaram.



O que nos resta é a saudade, pois quando lemos nossos textos em jornais e livros, sabemos que seria impossível se não fosse a professora de redação e suas aliadas; palmatória e o milho. Provavelmente não escreveríamos nem gibis.



Obrigado professora de redação, por tudo. E principalmente pelas aulas de cidadania. Porque ser cidadão é não matar a professora, por isso que toda nova turma, na primeira aula, sempre tratava do tema cidadania.



Portanto, ela desconfiava dos nossos pensamentos perversos, mas o amor pela boa escrita e formar bons escritores sempre prevaleceram no coração dela. Por isto, entre ter alunos brilhantes ou preservar a vida, ela jamais titubeou. Sempre optou em transformar desesperados alunos em futuros “Machadinhos”.



Henrique Carlos da Silva

20.7.2010

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