quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Envelhecer


Envelhecer

Sabe, de uns tempos para cá. Acho que já faz bastante tempo, eu ando morta de inveja das mulheres que conseguem envelhecer. Usar aqueles bermudões largos e horríveis, aqueles blusões estampados que escondem as gorduras e que passam a se encantar com os netos e com a "participação nas coisas da terceira idade."

Saí à minha mãe. Que não se falasse nesta coisa para ela. Ela excomungava até!

Sou meio como o poema de Adélia Prado que se chama Trégua. Fico absolutamente estridente com um fio de cabelo branco e ai se me dão lugar no metrô! Eu, infelizmente, não sou velha.

Carrego comigo todos os fôgos (assim que eu quero, com acento circunflexo mesmo). O da Política, o das Artes. O fogo da Vida. O fogo das paixões. E vivo num redemoinho. Um corpo que envelheceu sim, mas não a ponto de ser abdicado. Esta paixão pela palavra que me campeia em cada cantinho onde me escondo e que me faz tão viva. A paixão pela paixão. Ah! Como é bom estar apaixonada! E ruim também. A paixão é beleza e feiura, é alegria e sofrimento, é entrega sem bermudão.

Tenho, realmente, muita inveja das mulheres que envelheceram. Mas quando me vejo usando (classicamente) o mesmo jeans, a mesma regata de minha filha de 17 anos perco a esperança. É uma dádiva e um castigo. Não sei bem em que percentual.

Não sei se conseguirei suportar o peso desta juventude tardia que me faz brilhar os olhos e sonhar como uma menina. Acho que me caso ainda de vestido branco com um príncipe. ( rsrsrsrsr) Não, infelizmente, como se fosse um estigma. Morro, mas não fico velha.

Talvez, eu tenha, inconscientemente, escolhido assim.

Rosely Maria Selaro ***

2/2/2013

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