Dei pra revirar aquele antigo baú. Catei de lá
meu primeiro beijo. Roubado! Marcado pra sempre nos meus quinze anos. Meu
primeiro amor para a vida toda que durou talvez... um verão. A desilusão mais
forte, a mais nobre em sua crueldade, peguei com minhas próprias mãos. E ela,
feito polvo me enrolava em seus tentáculos tão forte, tão forte, que entendi:
Não há fundo de baú que destrua desilusão. O velho baú tinha um ranço da minha
vaidade. Cabelos louros. E baixou uma leve saudade daquilo que não fiz. As
paixões estavam todas ali. E eu me perguntando: Meu Deus, como consigo manter
estas inutilidades aqui? E joguei-as ao vento. Elas saíram chorando. Era o
resto do meu pranto ainda guardado ali. Retratos amarelos. Daqueles que
partiram. E continuam sempre belos. Tatuei-os na palma da mão. Baú de maldades,
amizades. Baú que um dia foi presente. Hoje se prepara para sua última tarefa.
Libertar o meu coração!
3/6/13
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